Mudanças no fitoplâncton aumentam absorção de carbono pelos oceanos

cientistas-cidadaos01

Dois estudos detectam crescente predominância de algas de consumo intensivo de gás do aquecimento global

Dois novos estudos publicados pela revista Science apontam mudanças na natureza e na abundância dofitoplâncton, o conjunto de organismos aquáticos microscópicos com capacidade fotossintética e que flutuam dispersos pelos oceanos do planeta.Em conjunto, esses dois estudos sugerem que alguns tipos de algas de consumo intensivo de carbono estão proliferando e desempenharão um papel cada vez mais importante na absorção e remoção de CO2 da atmosfera.

Usando uma assinatura isotópica dos aminoácidos do fitoplâncton incorporados aos corais de águas profundas, pesquisadores das universidades da Califórnia e do Colorado mostraram como a predominância de determinados tipos de plâncton mudou ao longo do último milênio. A análise revela que há cerca de 600 anos houve uma transição na dominância das cianobactérias não-fixadoras de nitrogênio para as microalgas eucarióticas. Mais recentemente, por volta do começo da era industrial, outra alteração ocorreu, fazendo prevalecer uma comunidade de cianobactérias com capacidade mais forte de fixação de nitrogênio. Como algumas bactérias dessa última transição atuam como bombas de carbono muito eficientes, os autores sugerem que a atual tendência deve conduzir a um sistema mais eficaz de absorção de carbono pelos oceanos do planeta.

O segundo estudo sobre o assunto, da Johns Hopkins University,detectou, no Atlântico Norte, um aumento das algas revestidas de carbonato de cálcio de 2% para mais de 20% entre 1965 e 2010. Com base em um modelo que considerou mais de 20 fatores biológicos e físicos, os autores encontraram uma clara associação entre o crescimento dessas algas e a elevação dos níveis de dióxido de carbono no planeta. Também neste caso, as algas que estão proliferando são bastante importantes para o ciclo do carbono, já que incorporam esse material à sua camada externa.

 

Leia mais sobre o assunto na revista Science, nos links:

http://www.sciencemag.org/lookup/doi/10.1126/science.aaa9942

e http://www.sciencemag.org/content/early/2015/11/24/science.aaa8026