Zika vírus pode causar acúmulo de líquido em órgãos fetais

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Ultrassom fetal: (A) microcefalia severa e hidranencefalia; (B) fossa posterior com lesão cerebelar; (C) tórax com derrame pleural bilateral e (D) abdome com acúmulo de fluidos e edema subcutâneo

Crédito foto: PLOS Neglected Tropical Diseases

Bebê, morto na 32ª semana de gestação, teve cérebro e abdome afetados

Um artigo publicado no fim de fevereiro por pesquisadores brasileiros e americanos no periódico científico PLOS Neglected Tropical Diseases descreveu novas e graves complicações à saúde fetal possivelmente provocadas pelo zika vírus. Observado no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, o bebê, morto na 32ª semana de gestação, apresentava, além de microcefalia, hidranencefalia – substituição dos hemisférios cerebrais por líquido – e hidropsia – acúmulo de líquido – no abdome. A autopsia do feto detectou a presença do vírus causador da febre zika no córtex cerebral, na medula espinhal e no líquido amniótico. Segundo os autores, a gestante havia sido testada anteriormente – com resultados negativos – para outras infecções tipicamente associadas a malformações fetais, como hepatite, citomegalovírus, toxoplasmose e rubéola.

De acordo com a publicação, a gravidez pareceu transcorrer normalmente até a 18ª semana, quando exames revelaram um retardo no crescimento. Por volta da 30ª semana, exames de ultrassom indicaram que o feto tinha microcefalia, hidranencefalia e hidropsia, um quadro que acabou resultando na morte do bebê. Como a mãe não apresentou nenhum sintoma de febre zika durante a gestação, os autores afirmam que o caso reforça a necessidade de testar para o vírus as grávidas de regiões endêmicas para o micro-organismo, independentemente de qualquer indício da doença. “Dada a recente disseminação do vírus, a investigação sistemática de abortos espontâneos e dos casos de natimortos poderia ser garantida para avaliar o risco de que a infecção contribua para esses eventos”, escrevem os pesquisadores no artigo.

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