Estudo investiga mecanismo que torna bactérias resistentes a antibióticos

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Biofilme de P. aeruginosa: nos seres humanos, esse tipo de colônia leva a infecções bacterianas crônicas

Crédito foto: Imperial College of London

A descoberta é um tema emergente em microbiologia devido à procura de novos meios de combate aos processos infecciosos

Um estudo coordenado pelo pesquisador brasileiro Marcos Vicente de Albuquerque Salles Navarro, professor do Departamento de Física e Ciência Interdisciplinar do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP, e publicado em junho no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences ajudou a elucidar o processo de formação do biofilme bacteriano. Trata-se do fenômeno pelo qual as bactérias – em reação a situações adversas, como alteração de pH ou presença de antibióticos – deixam de se comportar como seres unicelulares e passam a formar uma grande colônia, com os indivíduos ligando-se uns aos outros e produzindo uma matriz extracelular protetora. O chamado biofilme aumenta a toxicidade dos patógenos, leva a infecção a um estágio crônico e é extremamente resistente a antibióticos, razão pela qual ganhou relevância na microbiologia.

A novidade trazida pelo estudo foi esclarecer o papel da proteína FleQ no funcionamento do diguanilato monofosfato cíclico, ou c-di-GMP, molécula sinalizadora envolvida no controle da expressão gênica na transição do estilo de vida planctônico para o de biofilme. “Flutuações nos níveis intracelulares de c-di-GMP fazem com que as bactérias desliguem os genes responsáveis pela produção do flagelo (a estrutura proteica em forma de cauda que possibilita a esses seres unicelulares nadarem no meio líquido) e acenda os genes responsáveis pela produção da matriz extracelular de polissacarídeos (que envolve e protege a colônia bacteriana)”, disse Navarro em entrevista à Agência Fapesp. “Quando interage com o c-di-GMP, a FleQ muda completamente sua forma espacial, passando de um hexâmero a uma dupla de trímeros. Nesta nova conformação, ela se torna incapaz de ativar a transcrição dos genes do flagelo e passa a ativar a transcrição dos genes da matriz polissacarídea”, completou.

A compreensão da atuação do c-di-GMP abre a perspectiva de interferir nos mecanismos de sinalização que promovem a formação do biofilme, tornando as bactérias mais suscetíveis aos antibióticos.

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