Micróbios intestinais influenciam resposta à imunoterapia

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Intestino humano: pacientes que tomaram antibióticos antes da imunoterapia tiveram sobrevivência reduzida em comparação com aqueles que não receberam esses remédios

Crédito foto: Dreamstime

Dois estudos com pacientes com câncer, publicados na revista Science, demonstraram que a composição da microbiota intestinal pode influenciar a resposta à imunoterapia

Dois novos estudos com pacientes com câncer, publicados no início de novembro na revista científica Science, demonstraram que a composição da microbiota intestinal pode influenciar a resposta à imunoterapia. No primeiro, pesquisadores franceses investigaram como os antibióticos afetam a recuperação de pacientes com câncer no pulmão ou nos rins, submetidos a imunoterapia com inibidores PD-1, um tipo de tratamento que ativa o sistema imune para atacar os tumores.

Os que tinham tomado antibióticos previamente – por causa de infecções urinárias ou dentais, por exemplo – tiveram sua sobrevivência reduzida em comparação com aqueles que não receberam esses remédios. Paralelamente, a análise da microbiota intestinal revelou que a abundância das bactérias Akkermansia muciniphila foi associada aos melhores prognósticos. A espécie foi detectada em 69% e 58% dos pacientes exibindo uma resposta parcial ou a doença estável, respectivamente, mas foi encontrada em apenas 34% dos pacientes que não reagiram à tratamento. Em camundongos tratados com antibióticos, a suplementação oral com essas bactérias elevou a eficácia das células imunológicas, estimulando sua resposta à terapia, dizem os autores.

No segundo estudo, coordenado por pesquisadores da Universidade do Texas, os pacientes com melanoma que melhor responderam à imunoterapia tinham maior diversidade na microbiota intestinal e maior abundância de algumas bactérias. Os cientistas chegaram a essa conclusão após coletar e analisar amostras de microbioma de 112 pacientes com melanoma avançado que também estiveram tomando inibidores PD-1.

Os pacientes cujo microbioma foi enriquecido com bactérias Faecalibacterium e Clostridiales ficaram mais propensos a responder ao tratamento e a conseguir uma sobrevivência mais longa, sem progressão da doença. O contrário ocorreu com os indivíduos cujo microbioma apresentava maior frequência de bactérias Bacteroidales. As análises revelaram que aqueles com micro-organismos benéficos tendiam a ter mais células imunes, capazes de infiltrar e matar os tumores.

Após transplantar micro-organismos de pacientes que respondiam ao tratamento para camundongos livres de germes, sua resposta aos inibidores PD-1 foi similar à observada em humanos.

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