Terapia genética pode combater o vírus HIV

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Células-tronco hematopoiéticas: nos indivíduos tratados foram encontradas células com os receptores de antígeno quimérico em diversos tecidos linfóides.

Crédito foto: Pixabay

Células-tronco modificadas em linfócitos e transplantadas a macacos infectados com o HIV se mostraram capazes de combater o vírus por um período superior a dois anos

Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostraram que células-tronco modificadas podem ser uma arma eficaz contra o HIV. Em laboratório, eles modificaram o DNA de células-tronco hematopoiéticas — responsáveis pela formação dos componentes do sangue – para dar origem a células T com um receptor de antígeno quimérico CD4. A ideia era usar as células geneticamente modificadas para combater o HIV em macacos. Dois anos depois, os animais que receberam esse tratamento continuavam produzindo linfócitos T contra o vírus da Aids.

Células T com receptores de antígeno quimérico têm se revelado uma poderosa forma de imunoterapia contra uma variedade de tipos de câncer e também como uma alternativa promissora para o tratamento da infecção por HIV. Entretanto, ainda não estava claro se as células T derivadas de células-tronco eram estáveis e se poderiam combater as células infectadas que reaparecem após meses ou anos de tratamento.

Num estudo publicado em janeiro no periódico científico PLOS Pathogens, cientistas da Universidade da Califórnia mostraram que as células hematopoiéticas geneticamente modificadas não apresentaram nenhuma toxicidade mensurável por mais de dois anos e, uma vez transplantadas aos macacos se multiplicaram em novas células de vários tipos.

Nos indivíduos tratados foram encontradas células com os receptores de antígeno quimérico em múltiplos tecidos linfóides; um decréscimo na quantidade de tecidos associados ao RNA do HIV; e proporções substancialmente maiores de receptores CD4/CD8 na região intestinal em relação aos controles.

O tratamento combinado de terapia antirretroviral (CART), quando suspenso, também resultou em menor recuperação dos níveis virais do que nos controles.

Esses achados indicam que células T com receptores de antígeno quimérico derivadas de células-tronco hematopoiéticas são capazes de mudanças de longo prazo e de vigilância imunológica. O estudo demonstra pela primeira vez a segurança e viabilidade de uma terapia baseada nesse tipo de célula num grande modelo animal pré-clínico.

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