Nova técnica de detecção de Dengue e Zika é anunciada

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Mosquito da dengue: plataforma é capaz de processar amostras e apresentar diagnóstico em menos de duas horas

Crédito foto: Pixabay.com

A identificação dos vírus foi possível após adaptação de uma enzima capaz de reconhecer ácidos nucleicos

A revista Science apresentou um novo sistema para diagnóstico rápido de Dengue e Zika. Trata-se da plataforma de diagnóstico Sherlock (abreviação em inglês para Desbloqueio Enzimático Específico de Alta Sensibilidade), que possibilita detectar ácidos nucleicos (RNA e DNA) em vários tipos de amostras, por meio de uma reação enzimática realizada em tubo de ensaio ou até mesmo em tiras de papel, sem a necessidade de um laboratório.

Desenvolvida pelo Broad Institute, vinculado ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) e à Harvard University, a nova técnica promete agilizar o diagnóstico e o início do tratamento.

Para promover a detecção rápida dos vírus, os pesquisadores adaptaram a enzima CRISPR-Cas13, capaz de reconhecer ácidos nucleicos, acrescentando moléculas que indicam a presença de um alvo genético, como por exemplo um vírus. Até então, para identificar com precisão os vírus da Dengue e da Zika era preciso extrair e isolar os ácidos nucléicos necessariamente em ambiente laboratorial, dificultando o diagnóstico em campo.

Com o objetivo de reduzir os custos da técnica inovadora, a equipe da Broad Institute criou o Hudson (abreviação em inglês para Aquecendo Amostras Diagnósticas não Extraídas para Obliterar Nucleases), um tratamento químico e térmico usado nas amostras para inativar enzimas que poderiam degradar os alvos genéticos. A nova metodologia possibilitou à enzima detectar seu alvo diretamente em fluidos corporais como saliva, urina ou sangue. Com isso, as amostras podem ser processadas por Sherlock e os resultados finais, sendo positivos ou negativos, são facilmente visualizados em tiras de papel.

Amostras de pacientes brasileiros coletadas entre 2015 e 2016, época de grande circulação dos vírus da zika e dengue na região de São José do Rio Preto, foram disponibilizadas para o estudo.

A plataforma Sherlock se mostrou capaz de processar as amostras e apresentar os resultados em menos de duas horas. De acordo com Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), os vírus da dengue e zika são vírus muito parecidos, que frequentemente apresentam resultados cruzados nos testes. “A plataforma Sherlock conseguiu diagnosticar com 100% de acerto mesmo as amostras mistas, ou seja, positivas para mais de um vírus”, disse ele em entrevista à revista Fapesp.

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