Testes nos EUA confirmam eficácia de vacina do Instituto Butantan
Em estudo conduzido pelos NIH, voluntários que receberam o imunizante não desenvolveram nenhum sintoma relacionado ao sorotipo 2 do vírus da dengue
Um dos principais desafios envolvidos na produção de uma vacina contra a dengue é garantir seu efeito protetor contra os quatro sorotipos de vírus da dengue. Indivíduos previamente infectados com algum dos sorotipos podem sofrer com sintomas mais agressivos quando infectados com outra variante do micro-organismo. Por isso, uma vacina apenas parcialmente eficiente pode elevar o risco de uma dengue severa – a chamada dengue hemorrágica – que coloca em risco a vida de dois milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano.
Foi pensando nisso que pesquisadores do Instituto de Alergia e Doenças Infecciosas dos National Institutes of Health (NIH) – instituição parceira do Butantan no desenvolvimento de uma candidata a vacina contra a dengue – resolveram conduzir um estudo adicional controlado com humanos, além dos testes de fase 3 realizados no Brasil. Isso porque a vacina TV003, como é conhecida, apesar dos excelentes resultados na prevenção das infecções pelos vírus 1, 3 e 4 da dengue, não vinha induzindo uma resposta imune tão forte no caso da dengue 2. Então, para avaliar a eficácia da vacina especificamente contra o sorotipo 2, em vez de observar os anticorpos, neste estudo os pesquisadores optaram por monitorar os efeitos da vacina sobre os indícios da própria infecção: presença do vírus no sangue, coceira e baixa contagem de glóbulos brancos.
Para isso, os cientistas recrutaram 41 voluntários nunca expostos à dengue. Parte do grupo recebeu uma dose da vacina e outra parte, placebo. Seis meses mais tarde, os grupos foram infectados com uma versão atenuada do sorotipo 2 – o mais difícil de combater. Enquanto as 20 pessoas do grupo do placebo desenvolveram sintomas moderados da dengue, como coceira e redução na quantidade de glóbulos brancos, todos os 21 indivíduos vacinados ficaram completamente protegidos contra a infecção. Ainda que apenas estudos clínicos avançados possam estabelecer a eficácia de uma vacina, abordagens desse tipo poderiam ajudar a identificar candidatas promissoras e a eliminar as mais fracas. “Este tipo de estudo, um dos primeiros do gênero a ser conduzido para a dengue, pode servir como uma ferramenta valiosa para avaliar o potencial de vacinas contra a doença, antes de dar início a testes de larga escala caros e frequentemente arriscados em áreas endêmicas para a dengue”, escrevem os autores em artigo publicado em março na revista Science Translational Medicine.
A dengue é a infecção viral transmitida por mosquito mais comum na atualidade, vitimando 390 milhões de pessoas anualmente.
Leia mais em: