Bactérias poderiam detectar vazamentos de CO2

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Emissões de gases do efeito estufa: micro-organismos poderiam mitigar os riscos da estocagem de CO2

Crédito foto: Gregory Heath, CSIRO/Divulgação

Micro-organismos poderiam ser usados para monitorar dióxido de carbono em pontos de captura e convertê-lo em produtos úteis, como etanol e acetato, dizem pesquisadores escoceses e noruegueses

Níveis crescentes de CO2 contribuem tanto para o aquecimento global quanto para a acidificação dos oceanos. Capturar esse gás em pontos de grande liberação e armazená-lo no subsolo de formações geológicas, um processo chamado de Captura e Estocagem de Carbono (ou CCS, na sigla em inglês), é considerado uma forma promissora de mantê-lo fora da atmosfera e de reduzir os danos que ele causa. Nesse processo, o CO2 é armazenado em rochas porosas, posteriormente envolvidas com pelo menos uma camada de rocha impermeável.

Mas essa solução potencial tem seus riscos, como os possíveis impactos ambientais se houver um vazamento. “Como detectaríamos isso e quais seriam as implicações ambientais?”, questiona Natalie Hicks, biogeoquímica da Scottish Association for Marine Science (SAMS) num artigo de opinião publicado em outubro no periódico Trends in Biotechnology em coautoria com pesquisadores da Universidade de Oslo.

Para o time multidisciplinar de autores, que inclui de geneticistas a engenheiros, deveria ser possível monitorar as bactérias e arqueias que habitam o sedimento subjacente a essas formações para detectar eventuais vazamentos. Eles argumentam que um experimento anterior simulando um vazamento de CO2 num reservatório na costa oeste da Escócia detectou mudanças nas comunidades microbianas vizinhas antes que outros organismos fossem visivelmente afetados.

Segundo os pesquisadores, colocar essa abordagem em prática demandaria mais informação sobre as comunidades microbianas e sobre como elas reagem a flutuações no dióxido de carbono. Isso também dependeria do desenvolvimento de ferramentas para sequenciar e a analisar os dados genômicos e metagenômicos das comunidades microbianas, relacioná-los com as condições ambientais e detectar mudanças de pequena escala na resposta microbiológica.

Para o time de autores, ao manipular os micro-organismos existentes nesses pontos de estocagem, seria possível converter parte do CO2 em combustíveis e outros produtos para uso industrial, como etanol, acetato, acetona, lactato e metano. Embora haja um longo caminho até esse ponto, os cientistas dizem que o esforço de pesquisa até vale a pena.

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