Sequenciamento do zika vírus reforça tese da associação com microcefalia
Amostras de líquido amniótico testaram negativo nos exames para outros vírus normalmente relacionados a essa malformação neurológica
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro; do Instituto Evandro Chagas, em Belém; e do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, de Campina Grande (PB) realizaram o sequenciamento genético do zika vírus a partir do líquido amniótico de duas gestantes da Paraíba cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia. As mulheres haviam apresentado sintomas da febre zika, como febre, mialgia e coceira entre a 10ª e 18ª semanas de gestação.
Depois que as amostras de líquido amniótico foram centrifugadas, o genoma viral foi identificado por meio da técnica PCR – capaz de amplificar em milhares de vezes as regiões de uma molécula de DNA – e por sequenciamento metagenômico de última geração.
Os resultados, publicados no periódico The Lancet Infectious Diseases, confirmaram a presença do zika vírus no líquido amniótico das duas grávidas. Já os testes para os vírus da dengue, da febre chikungunya, da rubéola e do herpes, para citomegalovírus, parvovírus, Toxoplasma gondii e Treponema pallidum – outras causas frequentes de microcefalia – foram todos negativos. Segundo os responsáveis pelo estudo, esses achados reforçam a provável associação entre o zika vírus e os casos de microcefalia em recém-nascidos. “Nossos resultados sugerem que o vírus pode cruzar a barreira placentária”, escrevem os autores.
As análises filogenéticas – que compararam o genoma do zika vírus brasileiro com o de outras cepas de zika e com outros flavivírus que ocorrem no país – também revelaram que o zika vírus brasileiro compartilha de 97% a 100% de sua identidade genômica com as linhagens da Polinésia Francesa.
Leia mais em: