Exposição vaginal ao zika vírus durante a gestação leva a problemas fetais
Um estudo com camundongos publicado na revista Cell mostrou que o micro-organismo se replica por vários dias após infecção do órgão genital feminino
Enquanto a transmissão do zika vírus pelos mosquitos do gênero Aedes é bem conhecida, novas evidências vêm jogando luz sobre uma segunda possível via de transmissão – o contato sexual com um parceiro infectado. São muitos os casos confirmados e suspeitos de transmissão sexual entre humanos. Estudos recentes detectaram o zika no sêmen de um homem 62 dias após o início dos sintomas e no muco cervical e no esfregaço de material genital de uma mulher. Coletivamente, esses estudos sugerem a possibilidade de contágio sexual entre humanos, mas pouco se sabe sobre as consequências dessa patogênese.
Para investigar essa questão, pesquisadores da Universidade de Yale criaram um modelo, em camundongos, de infecção vaginal pelo zika vírus. Os resultados, publicados no fim de agosto na revista Cell, apontaram que o vírus se replicou bem na mucosa vaginal, sendo detectado por até quatro dias após a infecção.
Depois, com o objetivo de monitorar os efeitos desse quadro sobre o desenvolvimento fetal, os cientistas infectaram cobaias em estágios iniciais da gestação. Como consequência, partículas virais foram detectadas no córtex cerebral e no cerebelo dos fetos. Também foram encontrados sinais do vírus nas células do endotélio. “A infecção vaginal das mães com zíka vírus resultou na invasão do tecido cerebral fetal dos camundongos”, escreveram os autores.
A comparação entre o RNA viral achado no baço após injeção intraperitoneal e o encontrado no ambiente vaginal revelou que a mucosa do genital feminino promove uma replicação viral mais robusta do que a verificada em outros órgãos. “Nosso achado de que o zika vírus se replica na vagina dos camundongos é consistente com os relatos de transmissão sexual entre humanos. Enquanto a transmissão pelo mosquito vem sendo responsabilizada pela crescente incidência de microcefalia, é possível que a transmissão sexual seja responsável por alguns dos casos de doenças fetais”, afirmam os cientistas de Yale.
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