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Casos suspeitos de microcefalia chegam a 1248
Pesquisador responsável pela identificação do zyka vírus no Brasil comenta a associação entre o micro-organismo e surto de malformações fetais no país
Já são 1.248 os casos suspeitos de microcefalia em todo o Brasil, distribuídos por 311 cidades de 13 estados e o Distrito Federal. Em 2014, foram 147 registros em todo o país. A microcefalia é uma malformação em que os bebês nascem com a circunferência do crânio inferior a 32 centímetros e que pode levar ao retardo mental. O Ministério da Saúde já confirmou a associação entre a febre zyka e o aumento de ocorrências de microcefalia no país. De acordo com o órgão, exames realizados em um recém-nascido com a malformação, morto no Ceará, apresentaram resultado positivo para o zyka vírus. Outras cinco mortes no Rio Grande do Norte e uma no Piauí estão sendo investigadas. Antes dessa epidemia, a febre zyka, cujo vetor é o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e da febre chikungunya, era considerada umadoença de menor gravidade. A presidente Dilma Rousseff anunciou que vai mobilizar a Defesa Civil Nacional, Exército, Marinha e Aeronáutica para reunir esforços em torno do combate ao mosquito. Micro in Foco falou sobre o surto de microcefalia com o professor Gubio Soares, do Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Federal da Bahia, um dos dois responsáveis pela detecção do zyka vírus no Brasil
Entrevista
A associação entre microcefalia e a febre zyka é inédita?
Esta associação é inédita, porque jamais ocorreu no mundo um surto de microcefalia dessas proporções. Em outros países, os casos podem não ter chamado a atenção pelo número pequeno de ocorrências, pois, na sua grande maioria, são ilhas do Pacífico e da Oceania. Agora, as autoridades estão revisando os casos de microcefalia que aconteceram no período de surto de alguns países, como a Polinésia Francesa.
A interferência da febre zyka sobre a gestação e a formação dos bebês o surpreendeu?
Surpreende porque, tratando-se de uma infecção causada por um vírus da família flaviviridae, a mesma do vírus da dengue, não poderíamos imaginar estes fatos, já que o vírus da dengue está entre nós há muito tempo, e não há relatos de microcefalia neste nível.
Como se dá a transmissão do zykavírus para o feto? O que ainda falta entender desse processo?
Quando operíodo de infecção ocorre nos três primeiros mesesda gestação, período em que o embrião ainda está em formação, através do sangue da mãe. Ainda falta muito para entender este processo e será necessário investir em pesquisas. Infelizmente, o aprendizado será com os casos atuais.
Para que haja risco de microcefalia, basta ter tido febre zyka no passado ou é preciso contrair a doença durante a gestação?
A mulher que já teve febre zyka terá imunidade contra a doença. Se uma mulher contrair zyka após o primeiro trimestre, não deve haver alterações na morfologia do feto, mas a gestante deverá ser acompanhada, pois pode haver ou não transmissão do vírus ao feto.
Há alguma prevenção individual possível para a microcefalia causada pelo zyka vírus?
As mulheres grávidas, no início da gestação, têm que usar repelentes, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Não existe vacina, e a prevenção ainda é o combate ao mosquito Aedes aegypti.
