Pesquisadores associam conflitos armados a aumento de resistência bacteriana
Refugiados afegãos podem ter introduzido na Europa cepas multirresistentes do bacilo da tuberculose após a invasão americana de 2001
Um estudo do Instituto Norueguês de Saúde Pública sugere que a instabilidade política e os conflitos armados podem contribuir para a resistência dos micro-organismos aos medicamentos e para a disseminação de doenças.
A linhagem 2 de Mycobacterium tuberculosis (Mtb) vem se espalhando globalmente, o que tem sido associado a uma progressão acelerada da doença e a um crescimento de sua resistência às drogas usadas em seu tratamento. Tendo esse quadro em mente, o time coordenado por Vegard Eldholm reconstruiu a história evolucionária de um subgrupo da linhagem 2 dessa bactéria, a chamada Classe Centro-Asiática (CCA), comparando as sequências genômicas de cepas isoladas na Europa e na Ásia Central.
Nessa análise, os pesquisadores observaram que, nos antigos países soviéticos, as cepas sofreram mutações relacionadas à resistência bacteriana. Para os autores, os dados sugerem que o colapso dos sistemas de saúde pública que se seguiu à queda da União Soviética contribuiu para o aumento da resistência bacteriana.
Eles também constataram que uma variedade de cepas isoladas da Europa era, na realidade, uma ramificação da CCA, cujas origens foram associadas ao Afeganistão na década de 1980, período de ocupação soviética. Os achados sugerem que a invasão soviética pode ter sido a responsável pela introdução das cepas da CCA naquele país. Atualmente, esses isolados bacterianos são encontrados tipicamente em refugiados afegãos, indicando que eles podem ter trazido essas variedades de micro-organismos à Europa após a invasão americana de 2001.
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