Esperança de cura da Aids

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HIV no sangue: tratamento antirretroviral não afeta o DNA viral presente nas células

Crédito foto: CDC/USA

Estudo britânico financiado pelo National Institute for Health Research consegue eliminar traços do HIV em um dos voluntários

Foi divulgado em outubro, na Inglaterra, o primeiro caso de um paciente que eliminou qualquer traço do HIV do organismo após se submeter a uma terapia experimental. Trata-se de um participante do estudo River, patrocinado pelo National Institute for Health Research (NIHR), órgão público de pesquisa sanitária do Reino Unido. O paciente continua a receber o tratamento antirretroviral e, segundo os autores, será necessário manter o acompanhamento por mais algum tempo para confirmar se o vírus foi realmente erradicado. “Vamos prosseguir com os exames médicos pelos próximos cinco anos”, declarou Sarah Fidler, pesquisadora do Imperial College, de Londres, ao jornal britânico The Sunday Times.

Até o momento, o único registro de uma pessoa aparentemente curada do HIV era o de Timothy Ray Brown, conhecido como ‘o paciente de Berlim’, que ficou sem nenhum vestígio do vírus no organismo após um transplante de medula óssea. Recentemente, um novo estudo acompanhou receptores de transplantes de medula que chegaram a ficar com a carga viral indetectável, mas tiveram recidivas após a interrupção do tratamento – algumas vezes depois de um longo intervalo.

O estudo River – sigla em inglês para Research in Viral Eradication of HIV Reservoirs, ou Pesquisa sobre Erradicação Viral em Reservatórios do HIV, em português) – é desenvolvido pelo Cherub Collaboration, um consórcio formado por equipes de cientistas do Imperial College and King’s College, de Londres; da Oxford University e da Cambridge University e financiado pelo NIHR. A pesquisa recruta pessoas infectadas pelo HIV até seis meses antes de ingressar no estudo – a fase conhecida como infecção primária. Nessa etapa, o corpo pode ter menos células infectadas, o que, em teoria, poderia facilitar a erradicação do HIV, sem o risco de recaídas.

 

Terapia experimental

O tratamento antirretroviral convencional pode reduzir os níveis de HIV no sangue dos pacientes a níveis indetectáveis, mas tem pouco ou nenhum efeito sobre o DNA viral presente nas células, que pode permanecer latente em células do sistema imune e do cérebro durante toda a vida. A questão é que o HIV só pode ser curado se seu DNA for completamente erradicado – ou se as células infectadas ficarem permanentemente adormecidas, impossibilitadas de originar novos vírus.

No estudo River, os participantes recebem uma combinação de quatro antirretrovirais. Após 22 semanas, alguns são aleatoriamente selecionados para prosseguir só com essa medicação, enquanto outros adicionam a esse regime uma vacina concebida para melhorar a habilidade do sistema imune de caçar e matar as células infectadas. Finalmente, os participantes desse segundo grupo também recebem dez doses de vorinostat, uma droga que ativa as células infectadas pelo HIV de modo que o DNA latente produza o vírus.

A ideia é que a explosão na produção viral seja rapidamente detectada e, então, suprimida pela combinação de drogas antirretrovirais. Essa estratégia, batizada de ‘kick and kill’ foi planejada para revelar e, então, matar as células infectadas, deixando pouco ou nenhum DNA no organismo.

Todos os participantes do estudo River devem concluir seus testes até dezembro de 2017. Portanto, a expectativa é que os dados completos da pesquisa – confirmando se o mesmo resultado positivo se repetiu entre os demais voluntários – só sejam conhecidos na primeira metade de 2018.

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