Pesquisa mostra que sequelas da zika podem durar até fase adulta

MATERIA 08 . OPÇÃO 02 - Fonte. Pixabay

Sequelas tardias: exposição ao vírus logo após o nascimento pode estar associada ao desenvolvimento futuro de autismo e esquizofrenia

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Déficit cognitivo, problemas de coordenação motora e crises epiléticas são algumas das consequências de longo prazo em bebês que nasceram com a infecção

Um estudo liderado por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado em 6 de junho na revista científica Science Translational Medicine, confirmou que a infecção por zika vírus pode causar problemas posteriores, mesmo em crianças que não nasceram com anomalias neurológicas mais graves, como a microcefalia.

Os cientistas observaram que camundongos infectados logo após o nascimento apresentaram sintomas precoces e tardios da infecção, incluindo déficit cognitivo, problemas persistentes na coordenação motora e perda de peso, não recuperada na idade adulta.

O estudo, que também teve a participação de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ainda mostrou que a memória e a sociabilidade dos camundongos adultos foi afetada, o que, de acordo com os pesquisadores, pode ter relação com a exposição ao vírus logo após o nascimento pode estar associada ao desenvolvimento futuro de autismo e esquizofrenia.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a neurocientista Julia Clarke, da Faculdade de Farmácia da UFRJ, afirmou que “depois da epidemia no Brasil, falou-se muito de microcefalia, mas, aos poucos, foi ficando claro que essa é apenas uma das várias alterações que a doença pode causar nos bebês expostos ao vírus”.

A pesquisa revelou ainda que o Infliximabe — que inibe o TNF, uma molécula relacionada à inflamação, e já aprovada pelo FDA – mostrou eficácia contra alguns dos sintomas tardios da doença. “Observamos que a aplicação desse fármaco reduziu em cerca de 50% o número de crises epiléticas espontâneas dos animais adolescentes e, também, preveniu as crises estimuladas por drogas nos animais adultos”, disse a pesquisadora.

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