Software aponta melhor combinação de antirretrovirais para cada paciente

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Coquetel antiaids: segundo OMS, 10% dos pacientes apresentam resistência a um ou mais drogas da terapia antirretroviral, o que compromete sua eficácia

Crédito foto: Rodrigo Nunes / Ministério da Saúde

Sistema revela que mutações do HIV uma pessoa é portadora e a quais medicamentos ela apresenta resistência

Um sistema desenvolvido a partir de uma parceria entre o Laboratório de Engenharia de Sistema de Saúde da Coppe/UFRJ e o Laboratório de Virologia Molecular do Departamento de Genética do Instituto de Biologia da UFRJ, o Sira-HIV possibilita que os médicos identifiquem qual a melhor combinação de antirretrovirais para o tratamento de cada paciente. O Sistema de Identificação de Resistência aos Antirretrovirais, Sira-HIV, consegue detectar as mutações do virus HIV que uma pessoa é portadora. Com esse resultado em mãos, é possível saber a quais medicamentos cada mutação do HIV é resistente.

Um paciente soropositivo toma, em média, três drogas antirretrovirais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% deles apresentam resistência a uma ou mais das usadas no coquetel, o que compromete a eficácia do tratamento. Daí a importância de contar com ferramentas como o Sira-HIV.

Graças à tecnologia Next Generation Sequencing (NGS), o sistema revela tanto as mutações majoritárias do HIV (com frequência superior a 20% na população viral) quanto as minoritárias (com frequência a partir de 1%). “Atualmente, a escolha dos medicamentos empregados no combate ao HIV se baseia nos resultados obtidos pelos sistemas tradicionais, que identificam apenas as mutações majoritárias”, declarou Letícia Martins Raposo, aluna de doutorado na Coppe e autora do projeto.

O Sira-HIV integra três sistemas utilizados no mundo para testes de genotipagem: o americano Stanford HIV Drug Resistance Database (HIVdb), a Agência Nacional Francesa de Pesquisas sobre Aids e Hepatites Virais (ANRS) e o Rega Algorithm desenvolvido por pesquisadores associados ao Rega Institute for Medical Research and University Hospitals Leuven, da Bélgica. Isso possibilita antecipar predisposições a resistências futuras, contribuindo para a escolha de medicamentos mais adequados e mais eficazes a cada paciente”, diz Rodrigo Brindeiro, professor de Genética do Instituto de Biologia da UFRJ.

Atualmente, há no Brasil 830 mil portadores do HIV, e uma taxa de 15 mil mortes por ano.