Pesquisa revela os hábitos reprodutores do fungo causador do pé de atleta

MAT. 05 PÉ DE ATLETA Fonte. dreamstime

Fungo Trichophyton rubrum, causador do pé de atleta e de outras micoses de pele e de unha:reprodução assexuada é a regra na espécie

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Identificação de população clonal favorece o desenvolvimento de droga eficaz para combatê-la

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com cientistas de outros países, sobre os hábitos reprodutores do fungo Trichophyton rubrum, causador do pé de atleta e de outros tipos de micose de pele e de unha, revelou que a reprodução assexuada é a regra na espécie.

Além de identificar que o acasalamento entre os indivíduos não é comum, o estudo publicado na revista Genetics comprovou que a variabilidade genética dessa população de fungos é pequena. “Trata-se de uma população clonal, isto é, praticamente não existe cruzamento entre os indivíduos e, desse modo, são geradas poucas variações no genoma”, afirma Gabriela Felix Persinoti, primeira autora do trabalho, em entrevista à Agência Fapesp. A espécie Trichophyton rubrum é um complexo que pode ser subdividido em diferentes morfotipos. São fungos muito parecidos, mas que apresentam pequenas variações de cor, de estrutura ou dos compostos produzidos.

A pesquisa analisou inicialmente a variabilidade genética de 100 morfotipos isolados em diversas partes do mundo com um método conhecido como Multi Locus Sequence Typing (MLST), que não avalia o genoma completo mas alguns loci específicos. Em seguida, 12 deles (10 morfotipos de T.rubrum e dois isolados da espécie T. interdigitale) foram isolados e submetidos ao sequenciamento completo do genoma. O passo seguinte foi a análise da região do genoma, na busca por alelos complementares, que deteminam a compatibilidade e reprodução sexuada de fungos, conhecida como mating type.

Para que ocorra o cruzamento entre indivíduos, eles precisam apresentar MATs complementares (um deles precisa ter o MAT do tipo 1 e, o outro, o MAT do tipo 2). “Ao avaliarmos essa região do genoma, notamos que quase todos os morfotipos de T. rubrum apresentavam MAT do tipo 1. Somente um deles apresentava o tipo 2”, disse Persinoti à reportagem da Agência Fapesp ao reforçar que a reprodução sexuada nessa espécie não acontece. “Ou, para acontecer, requer uma condição muito específica”, completou.

A investigação foi realizada no laboratório de Christina Cuomo, do Broad Institute, vinculado ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) e à Harvard University, nos Estados Unidos.

A supervisora da pesquisa Nilce Martinez-Rossi, professora titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) explicou a relevância do estudo. “A variabilidade genética é um fator a ser considerado, por exemplo, quando se está desenvolvendo uma nova droga, pois pode indicar o risco de o patógeno desenvolver resistência ao tratamento”, afirmou à Agência Fapesp.

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