Fiocruz descarta retorno da febre amarela urbana ao Brasil

MAT. 05 FEBRE AMARELA Fonte EBC

Vacina contra a febre amarela: doença se espalhou pela transmissão silvestre, menos grave que a urbana

EBC

Surto registrado em Minas Gerais teve transmissão por mosquitos silvestres e primatas não humanos

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, e da Universidade de Oxford, do Reino Unido, realizaram um mapeamento genético que revelou detalhes sobre a disseminação da febre amarela no Brasil. As descobertas do estudo, publicadas na revista Science, indicam que a doença se espalhou pela transmissão silvestre, menos grave que a urbana, e pode ter sido potencializada pela ação humana.

Os estudiosos analisaram o genoma de mais de 50 indivíduos, tanto humanos quanto macacos, além de informações epidemiológicas e espaciais, durante o surto da doença em Minas Gerais. Eles concluíram que a transmissão se deu por meio dos mosquitos silvestres (Haemagogus e Sabethes) e de primatas não humanos. “Embora as condições para a transmissão urbana pareçam estar lá, felizmente isso não aconteceu”, destacou Nuno Faria, pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford e um dos autores do artigo, em matéria publicada no jornal Correio Braziliense.

O pesquisador do Laboratório de Flavivírus da Fiocruz, Luiz Alcântara, co-autor do estudo, explicou ao mesmo jornal que o surto resultou da introdução de uma estirpe vinda da região amazônica, “onde o vírus circula silenciosamente”. Segundo ele, “o surto em Minas teve origem no Norte ou no Centro-Oeste, possivelmente resultado do transporte de mosquitos infectados em caminhões ou pelo tráfico de primatas não humanos”.

Depois do estado mineiro, o vírus se espalhou em populações locais de mosquitos silvestres e primatas não humanos a uma velocidade média de 4,25 quilômetros por dia, em direção a São Paulo e ao Rio de Janeiro. O levantamento também identificou que, assim que os casos foram detectados em macacos, a doença se manifestou cerca de quatro dias depois em humanos.

A próxima etapa do trabalho será a análise de mais de 200 sequências genéticas, incluindo aquelas do vírus que circulou no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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