ISOLAMENTO E AVALIAÇÃO DA DIVERSIDADE DE FUNGOS ENDOFÍTICOS DE PIPER HISPIDUM

Rafael Lopes E Oliveira (UEA); Elissandro Fonseca dos Banhos (UEA); Sergio Duvoisin Junior (UEA); Patrícia Melchionna Albuquerque (UEA)

O estudo de microrganismos endofíticos tem despertado interesse acadêmico, pois novas espécies microbianas têm sido descobertas, principalmente quando hospedeiros tropicais são investigados. São ainda poucos os trabalhos relacionados a microrganismos endofíticos isolados de plantas tropicais, sendo que algumas pesquisas são restritas a determinadas espécies do Brasil e da Índia. Na Amazônia há uma diversidade enorme de ambientes, que vão desde áreas de mata fechada até cerrados. Isso significa que devido à alta biodiversidade existente nessas regiões devem existir muitas espécies de fungos e bactérias ainda por serem descobertas. A espécie Piper hispidum (Piperaceae), conhecida popularmente como pimenta-de-macaco, ocorre naturalmente na Amazônia e possui grande potencial para desenvolvimento econômico devido à produção de safrol, óleo essencial de comprovada atividade inseticida e antimicrobiana. Existem vários trabalhos relacionados à potencialidade do óleo safrol produzido por P. hispidum na medicina popular, em função das propriedades exibidas por seus constituintes. Entretanto, trabalhos envolvendo a microbiota endofítica destas plantas ainda são inexistentes. Diante disso, este trabalho teve como objetivo isolar fungos endofíticos de P. hispidum e avaliar a diversidade dos organismos obtidos dos diferentes tecidos vegetais. Foi estimada uma freqüência de infecção de 62,6% dos 150 fragmentos avaliados. De forma geral houve uma maior freqüência de fungos endofíticos no caule dos hospedeiros que nas folhas, decrescendo ainda mais para as raízes de P. hispidum. Uma das hipóteses para este fato é a de que após a entrada dos microrganismos, que pode ocorrer pelas folhas ou raízes, ocorre uma migração para os diferentes tecidos das plantas. Baseado em características morfológicas e com auxílio de microscopia ótica, foi observado que dentre os fungos endofíticos encontrados, 22,2% dos isolados pertencem ao gênero Paecilomyces, 21,1% ao gênero Guignardia, 12,2% Colletotrichum, 6,6% Fusarium e 2,2% Aspergillus. Outros fungos, especialmente os que não apresentaram estruturas reprodutivas não foram identificados. Os gêneros de fungos endofíticos isolados neste trabalho vêm sendo frequentemente descritos em hospedeiros tropicais. A partir dos resultados obtidos, percebe-se o potencial de P. hispidum amazônica como fonte de fungos endofíticos, os quais poderão ser empregados na obtenção de compostos biologicamente ativos. Para a confirmação da identidade desses microrganismos, técnicas moleculares como a amplificação das regiões ITS do rDNA e sequenciamento serão utilizadas.