PRODUÇÃO DE XILANASE E ENDOGLUCANASE POR MYCELIOPHTHORA SP. F 21.4 POR FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO 

Daniela Alonso Bocchini Martins (IBILCE / UNESP); Marcia Maria de Souza Moretti (IBILCE / UNESP); Ariane Zanchetta (IBILCE / UNESP); Thiago Okubo Procópio Pinto (IBILCE / UNESP); Roberto da Silva (IBILCE / UNESP); Eleni Gomes (IBILCE / UNESP)

A lignocelulose, presente na parede celular vegetal, representa mais de 90% do peso seco da célula e consiste de microfibrilas de celulose embebidas em uma matriz amorfa de hemicelulose e lignina.  Os resíduos agroindustriais são uma fonte abundante e barata de material lignocelulósico que pode ser utilizado como fonte de carbono para crescimento microbiano e produção de enzimas por fermentação em estado sólido (FES), especialmente por fungos filamentosos, pois a FES simula o habitat natural dos mesmos. Tais fungos são os melhores microrganismos produtores de enzimas hemi-celulolíticas, entre as quais se destacam xilanases e celulases. São várias as aplicações biotecnológicas destas enzimas e especial interesse tem sido dado ao uso das mesmas na hidrólise de material lignocelulósico para a obtenção de açúcares fermentescíveis, visando a produção de etanol. Neste trabalho, o fungo Myceliophthora sp F21.4 foi cultivado, por FES, em bagaço de cana-de-açúcar e farelo de trigo (1:1), a 45^oC, por 14 dias, e o perfil de produção de xilanase e CMCase foi avaliado. A produção máxima de xilanase (126,6 U/mL; 2532,0 U/g) foi observada em 96h de cultivo, coincidindo com o pico de produção de CMCase (25,76 U/mL; 515,2 U/g). A caracterização físico-quimica das enzimas mostrou que ambas são mais ativas em pH 5,0 e estáveis em pH 4,5 a 9,0. As temperaturas ótimas de atividade foram 65 e 70^oC, para xilanase e CMCase, respectivamente. Em relação à termoestabilidade, xilanase e CMCase mantiveram cerca de 90% de sua atividade após a incubação, por 1 hora, a 55 e 60^oC, respectivamente. A viabilidade de produção das enzimas pelo cultivo de Myceliophthora sp F21.4 em resíduos agroindustriais, bem como suas interessantes características físico-químicas, encorajam estudos subseqüentes com este microrganismo, incluindo a hidrólise de material lignocelulósico em trabalhos futuros.