ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE BIOFILME EM AMOSTRAS DE STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS HOSPITALARES E DA COMUNIDADE POR DIFERENTES MÉTODOS

Thaís Dias Lemos Kaiser (UFES); Eliezer Menezes Pereira (UFRJ); Flávia Caselli Pacheco (TOMMASI); Katia Regina Netto dos Santos (UFRJ); Ana Paula Ferreira Nunes (UFES)

Staphylococcus epidermidis faz parte da microbiota normal de humanos e são a causa freqüente de infecções por sua habilidade em aderir a superfícies formando um biofilme na superfície de polímeros. O biofilme, codificado pelo operon icaADBC, protege as bactérias da resposta imune e da ação de antimicrobianos, permitindo sua sobrevivência principalmente em cateteres, sendo responsável pela maioria dos casos de bacteriemias hospitalares em pacientes imunossuprimidos. Por isso é relevante a detecção da produção do biofilme para estabelecer a real participação desta espécie no processo infeccioso. Foram avaliadas 94 amostras de S. epidermidis hospitalares provenientes de sangue e cateter e 102 amostras de swab nasal de indivíduos da comunidade. Os testes fenotípicos de aderência ao Tubo de Vidro (TAV), cultivo em Agar Vermelho Congo (AVC) e o Teste de Adesão a Microplacas (TAM) foram utilizados para verificação da produção do biofilme. A PCR multiplex foi usada para a detecção dos genes: espécie específico, icaADBC e mecA. O gene ica foi detectado em 46,8% das amostras hospitalares e 27,4% das amostras da comunidade. Já o mecA foi detectado em 76,6% das amostras hospitalares e 14,7% nas da comunidade. Das 196 amostras, 72 (69,1%) com o gene ica, a produção de biofilme foi observada em 50%, 43,1% e 32% nos testes de TAV, AVC e TAM respectivamente, enquanto das 124 amostras sem o gene ica: 99,1%, 100% e 96,7% foram biofilme negativo nos TAV, AVC e TAM respectivamente. A produção de biofilme é um mecanismo complexo e diferentes fatores influenciam na sua expressão. A maior freqüência de detecção dos genes ica e mecA nas amostras hospitalares de S. epidermidis mostra um papel importante desses genes na virulência do microorganismo no ambiente hospitalar. Contudo a verificação fenotípica da produção de biofilme em poucas amostras possuidoras do gene ica indica que os métodos usados ainda não possuem acurácia suficiente para sua correta determinação. Soma-se a isso a divergência dos resultados encontrados entre os métodos, e por isso, torna-se de grande necessidade promover, por exemplo, alterações na formulação destes para melhorar a capacidade de detecção.