INVESTIGAÇÃO DA RESISTÊNCIA PRIMÁRIA DO HELICOBACTER PYLORI À CLARITROMICINA EM AMOSTRAS DE BIÓPSIAS GÁSTRICAS DE CRIANÇAS

Kátia Regina Silva Aranda (UNIFESP); Gabriella Teixeira Garcia (UNIFESP); Manoel Ernesto Peçanha Gonçalves (ICr - FMUSP); Silvia Regina Cardoso (ICr - FMUSP); Isabel Cristina Affonso Scaletsky (UNIFESP)

A bactéria Helicobacter pylori tem um importante papel na etiologia de doenças gástricas, sendo o agente causador da gastrite crônica e ulcera péptica, podendo evoluir para câncer. O tratamento da infecção por H. pylori consiste de um regime duplo ou triplo de antibióticos (claritromicina, tetraciclina, metronidazol e amoxicilina) associado com um inibidor de bomba de prótons. Sendo o H. pylori um organismo microaerófilo, de crescimento lento e de difícil cultivo, não há testes padronizados de suscetibilidade a antibióticos. Foram analisadas 110 amostras de biópsias gástricas de crianças coletadas no Instituto da Criança, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da USP, de abril de 2008 a junho de 2009, quanto a resistência a claritromicina a partir das mutações A2142 e A2143 do gene que codifica a fração 23S do rRNA da bactéria. O método de diagnóstico molecular empregado foi a PCR em tempo real utilizando sondas sequência-específica TaqMan® para a detecção do gene 23S e das mutações pontuais, com a análise de restrição do fragmento de PCR obtido para identificação das mutações deste gene. Das 110 amostras, 31 (28%) foram positivas para Helicobacter pylori pelo teste da urease e análise histológica. A PCR-RT apresentou sensibilidade e especificidade de 100% no diagnóstico de H. pylori. O fragmento de PCR de 1.400 pb das 31 amostras positivas para H. pylori foram digeridos com as enzimas de restrição MboII e BsaI, as quais permitem distinguir as mutações pontuais nas posições A2142G e A2143G do gene 23S do rRNA da bactéria. Foram confirmadas 6 amostras resistentes, sendo 3 amostras com mutação na posição A2142G e outras 3 amostras na posição A2143G. Os resultados obtidos demonstraram a ocorrência de 19% de resistência primária a claritromicina na população estudada.