HEMOCULTURA E AVALIAÇÃO SOROLÓGICA PARA O DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE FELINA (LF) EM ÁREA ENDÊMICA PARA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA (LVC)

Luciana Cristina Baldini-peruca (UNESP); Ana Paula Ferreira Lopes Corrêa (UNESP); Rozeani Olimpio Tome (UNESP); Simone Baldini Lucheis (UNESP); Hélio Langoni (UNESP)

A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose que, devido à elevada ocorrência e disseminação, tornou-se para a Organização Mundial da Saúde uma das prioridades em doenças tropicais. Atualmente, o cão é considerado o principal reservatório doméstico de leishmanias, mas o gato, também desenvolve a infecção, em geral de forma assintomática. Apesar de haver mais de 40 casos relatados de leishmaniose felina (LF) no mundo, o papel real do gato no ciclo epidemiológico dessa enfermidade ainda não foi elucidado. Porém, atualmente, diversos autores consideram o gato como um reservatório secundário de leishmanias e não mais um hospedeiro acidental. Tendo em vista a inespecificidade dos achados clínicos da LF, ausência de sinais patognomônicos, semelhança dos aspectos clínicos dessa enfermidade com outras comuns em gatos, como a leucemia felina (FIV), síndrome da imunodeficiência felina (FeLV), infecções causadas por bactérias, protozoários e fungos e, portanto, dificuldade de se estabelecer o diagnóstico definitivo da LF, esta zoonose deve ser incluída no diagnóstico diferencial no caso de gatos em áreas endêmicas para LVC. Este trabalho objetivou avaliar a infecção por Leishmania spp em 108 gatos domiciliados no município de Birigui (SP), área endêmica para LVC, pelas técnicas de hemocultura e Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI).  A hemocultura foi mantida a 28-30°C em meio LIT (Liver Infusion Tryptose) e as leituras realizadas quinzenalmente durante 4 meses. Das 108 hemoculturas analisadas, foi possível a visualização óptica de flagelados tripanossomatídeos em 52 (48,2%) amostras. Pela RIFI, 3 (2,8%) das 108 amostras apresentaram título 40 para Leishmania spp. Das 52 amostras positivas na hemocultura, apenas 1 (1,9%) apresentou soropositividade na RIFI. Os resultados obtidos sugerem a ocorrência de infecção por Leishmania spp em gatos provenientes de Birigui (SP) e ressaltam a importância da avaliação sorológica nessa espécie, como forma de vigilância epidemiológica, principalmente em áreas endêmicas para LVC.