UTILIZAÇÃO DE MICROSCOPIA NA AVALIAÇÃO DA ENDOGENIA DA BIOMASSA MICROBIANA EM REATORES UASB CONCÊNTRICOS NO TRATAMENTO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DO CAFÉ

Julia Ferreira da Silva (DBI / UFLA); Cláudio Milton Montenegro Campos (DEG / UFLA); Erlon Lopes Pereira (DEG / UFLA); Eduardo Alves (DFP / UFLA)

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a microscopia de epifluorescência podem ser metodologias adequadas na avaliação rápida e direta da biomassa microbiana em reatores UASB. A MEV, muito utilizada no estudo de biofilmes e de biomassa granular, permite obter informações sobre a morfologia microbiana das superfícies destes ecossistemas. Na microscopia de epifluorescência as Archaeas metanogênicas tornam-se facilmente visíveis por terem a propriedade de serem fluorescentes, devido à presença da coenzima F₄₂₀ (Neves, 2004). A epifluorescência é capaz de estimar se um determinado lodo possui quantidade razoável de metanobactérias, podendo servir para analisar o lodo de partida e também durante o monitoramento de reatores anaeróbios, uma vez que, normalmente, a quantidade de metanobactérias aumenta em virtude da aclimatização do lodo ao longo do processo de tratamento (Campos, 1990). Nesta pesquisa investigou-se a endogenia do lodo com a utilização destas duas técnicas de microscopia, a de epifluorescência e a MEV, para avaliação qualitativa e quantitativa da biomassa de reatores UASB concêntricos, como parâmetros microbiológicos no monitoramento do processo de endogenia, levando em consideração a produção de biogás. Dois reatores UASB, concêntricos, tendo o reator interno o volume de 1.944 L e o externo de 2.490 L, funcionando em série, inseridos em um sistema piloto de tratamento das águas residuárias do café, foram monitorados quanto aos parâmetros físico-químicos e biológicos. As amostras da biomassa foram observadas em microscópio de epifluorescência Olympus, modelo BX60 e também em microscópio eletrônico de varredura, ZEISS, modelo LEO EVO 40. Os reatores operaram com oscilação de temperatura do afluente e efluente de 16,3°C e 27,3°C. A produção de metano, estimada pela remoção de matéria orgânica (DQO), foi de 0,1623 e 0,0946 m³ d^-1 para o primeiro e o segundo reator, respectivamente. As amostras analisadas pelas duas metodologias mostraram evidência de decaimento bacteriano, causado pelo fenômeno da endogenia, apresentando baixíssima concentração de biomassa ativa no final do monitoramento, confirmado também pela baixa produção de metano. Concluiu-se que tanto a microscopia de epifluorescência como a MEV devem ser empregadas no monitoramento do lodo anaeróbio cultivado em reatores UASB.