SUSCEPTIBILIDADE IN VITRO E EFICÁCIA DA TERAPIA COM OXITETRACICLINA PARA INFECÇÕES POR STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM TILÁPIA DO NILO (OREOCHROMIS NILOTICUS)

Flaviane Castro de Faria (UFLA); Carlos Augusto Gomes Leal (UFLA); Glei dos Anjos Carvalho-castro (UFLA); Henrique César Pereira Figueiredo (UFLA)

Altamente virulenta para peixes, a bactéria Streptococcus agalactiae tem se destacado como patógeno emergente na tilapicultura nacional, principalmente em sistemas de cultivo intensivos. Essa ocasiona surtos de meningoencefalite e septicemia, que podem atingir taxas de mortalidade de até 100%. A oxitetraciclina é o antimicrobiano mais utilizado na aquicultura, porém não existem dados sobre sua eficiência no tratamento de tilápias infectadas por S. agalactiae. Os objetivos do trabalho foram determinar a sensibilidade in vitro de diferentes isolados de S. agalactiae a oxitetraciclina (OTC) e a eficiência desse antibiótico no tratamento da estreptococose em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). A sensibilidade a OTC foi determinada pelos métodos de discos de difusão e concentração inibitória mínima (CIM) para 29 amostras brasileiras de S. agalactiae. Os isolados foram classificados como sensíveis (WT- wild type) e resistentes (NWT- non wild type), de acordo com as distribuições de frequência dos halos de inibição e valores de CIM. A eficiência terapêutica da OTC foi determinada pela infecção experimental de alevinos de tilápia do Nilo e tratamento com OTC (ração medicada) antes ou após o desafio. A dose de OTC utilizada foi de 100 mg por Kg de peso vivo, durante dez dias. Três protocolos terapêuticos foram testados: 1- tratamento iniciado 24h antes do desafio; 2- tratamento iniciado 1h após o desafio; 3- tratamento iniciado 24h após a infecção experimental. Baseado nos resultados de sensibilidade ao antibiótico, as amostras foram divididas em dois grupos: sensível a OTC (n=27), com diâmetro do halo de inibição ≥ 28 mm e valor de CIM < 1,95 µg/mL; e resistente a OTC, composto por apenas dois isolados, com diâmetro do halo de inibição igual a 12 mm e valor de CIM  31,25 µg/mL. Taxas de mortalidade de 15, 20, 20 e 60% foram verificadas nos tratamentos 1, 2, 3 e controle positivo,  respectivamente. Apesar disso, a frequência de portadores assintomáticos nos referidos grupos experimentais foi de 86, 56, 25 e 25%. A utilização da OTC no tratamento de infecções por S. agalactiae em tilápia do Nilo foi eficaz na redução das mortalidades. Porém, do ponto de vista epidemiológico, o emprego da OTC no controle da estreptococose é potecialmente prejudicial, pois pode induzir quadros de portadores assintomáticos nos animais submetidos ao tratamento.