SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE AMOSTRAS DE SHIGELLA SP. ISOLADAS NO ESTADO DO PARÁ NO PERÍODO DE 1979 A 2009.

Flávia Corrêa Bastos (IEC); Marluísa de Oliveira Guimarães Ishak (UFPA); Maria Luíza Lopes (IEC); Edvaldo Carlos Brito Loureiro (IEC)

Introdução: Shigella sp. é um bacilo Gram-negativo, anaeróbio facultativo, não móvel e não esporulado, pertencente à família Enterobacteriaceae. Este enteropatógeno é responsável pela shigelose ou disenteria bacilar, importante causa de morbi-mortalidade em crianças menores de 05 anos em países subdesenvolvidos. Esta infecção pode variar desde uma diarréia aquosa autolimitada a uma severa disenteria mucosanguinolenta. Amostras de Shigella sp. resistentes a antimicrobianos comumente usados, têm emergido recentemente, reduzindo drasticamente as possibilidades terapêuticas. Objetivo: Analisar a distribuição de sorogrupos e a susceptibilidade antimicrobiana de amostras de Shigella sp. isoladas no Estado do Pará, no período de 1979 a 2009. Materiais e Métodos: Entre as amostras de Shigella sp. isoladas no Laboratório de Enteroinfecções Bacterianas do Instituto Evandro Chagas a partir de coprocultivos de pacientes com diarréia, oriundos de diferentes municípios do Estado do Pará, durante o período já citado, 123 foram analisadas. Para o isolamento das bactérias, foram utilizados meios seletivos e indicadores e de triagem. A caracterização bioquímica foi realizada por métodos padrões. Os sorogrupos das amostras foram confirmados por soroaglutinação em lâmina com antisoros comerciais e para o teste de susceptibilidade antimicrobiana foi realizado por técnica automatizada (VITEK 2/Biomérieux). As amostras foram testadas com os seguintes antimicrobianos: ácido nalidíxico, ampicilina, amoxilina, cefalotina, cefazolina, cefoxitina, cefpodoxima, ceftazidima, ceftriaxona, cefuroxima, cefuroxima axetil, ciprofloxacina, gentamicina, levofloxacina, nitrofurantoína, norfloxacina, ticarcilina, ticarcilina/ácido clavulânico, tetraciclina, trimetoprim/sulfametoxazol e tobramicina. Resultados: Entre as 123 amostras de Shigella analisadas, 82 (66%) foram identificadas como S. flexneri, 40 (32%) como S. sonnei e 01 (0,8%) como S. boydii, independentemente do período de isolamento, da procedência e da idade dos pacientes. S. dysenteriae não foi identificada entre as amostras analisadas. A idade média dos pacientes com registro deste dado foi de 19 anos, sendo que o grupo etário de 0 a 05 anos apresentou 45% das infecções, das quais 63% (32/51) casos de S. flexneri e 37% (19/51) de S. sonnei. A maior resistência foi encontrada para cefalotina, cefazolina, cefuroxima, cefuroxima axetil (98%), seguida de gentamicina, tobramicina (97%) e tetraciclina (92%). Entre os isolados, 112 apresentaram multiresistência (resistência a pelo menos 02 antimicrobianos). Todas as amostras apresentaram susceptibilidade aos seguintes antimicrobianos: ácido nalidíxico, cefpodoxima, ceftazidima, ceftriaxona, ciprofloxacina, levofloxacina, norfloxacina e nitrofurantoína. Conclusão: Ressalta-se a maior freqüência de S. flexneri em relação aos demais sorogrupos e uma freqüência expressiva de amostras multiresistentes.