PERFIL DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS EM ISOLADOS DE ACINETOBACTER SPP. E STAPHYLOCOCCUS AUREUS OBTIDOS DE JALECOS, EM UM HOSPITAL NA CIDADE DE PORTO ALEGRE-RS.

Larissa Pires Ferigolo (IPA); Mariele Fenalte (IPA); Luciane Gelatti (IPA)

Introdução: O ambiente hospitalar guarda uma íntima relação com as infecções nosocomiais, podendo proporcionar focos de contato e transmissão. Entre os microrganismos associados à etiologia das infecções hospitalares, o Acinetobacter spp e o Staphylococcus aureus permanecem como importantes patógenos.A capacidade de persistência e propagação destes dois microrganismos no ambiente hospitalar, aliada ao perfil de sensibilidade reduzido aos antimicrobianos, pode tornar a conduta terapêutica problemática. Os profissionais da saúde têm sido apontados, através de suas mãos, como importantes na disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar. Nosso objetivo foi identificar a presença de Acinetobacter spp e de Staphylococcus aureus em jalecos, assim como o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos.Materiais e Métodos: Estudo transversal, realizado com um grupo de 106 profissionais da saúde, no período de maio a julho de 2009. As amostras foram obtidas a partir do contato direto do meio de cultura ágar sangue com áreas específicas do jaleco. O material coletado foi encaminhado ao Laboratório de Microbiologia do Centro Universitário Metodista IPA, onde foram realizados métodos convencionais para o isolamento e identificação de Acinetobacter spp e  S. aureus. O antibiograma de todos os isolados foi realizado pelo método de Kirby-Bauer, seguindo as normas do CLSI (2008).Resultados: De um total de 106 coletas realizadas, 21 (19,8%)  apresentaram positividade para Staphylococcus aureus e 11 (10,37%) para Acinetobacter spp. Ao analisarmos os antimicrobianos específicos para o tratamento de infecções clínicas causadas por Acinetobacter spp, verificamos multiresistência (sensível apenas aos carbapenens e ampicilina-sulbactam) em 5 isolados. O perfil de resistência encontrado foi: amicacina e gentamicina (45,45%), sulfametoxazol/trimetoprim (72,72%), ciprofloxacina (63,63%), ceftazidima (54,54%), cefepima (54,54%) e ampicilina-sulbactam (9,09%). Já para  S. aureus, o perfil de resistência aos antimicrobianos foi:cefoxitina (28,57%), ciprofloxacina (33,33%), clindamicina (38,09%), eritromicina (42,85%), gentamicina (28,57%), penicilina (100%) e sulfametoxazol/trimetoprim (38,09%). Conclusão: Os resultados do presente estudo revelam os jalecos como veículo para a transmissão de microrganismos, o que sugere potencial fonte de infecções associadas aos cuidadores de saúde.O perfil antimicrobiano observado reflete provavelmente uma elevada pressão seletiva causada pelo uso extensivo de antimicrobianos. Esses fatores, somados a condições precárias de higiene, proximidade entre os pacientes, medidas de desinfecção impróprias e pacientes graves são importantes na disseminação desses patógenos.