A LIBERAÇÃO DE VESÍCULAS EXTRACELULARES EM LEVEDURAS REQUER ELEMENTOS DO APARATO SECRETÓRIO PÓS-GOLGI

Luna Sobrino Joffe (UFRJ); Débora Leite Oliveira (UFRJ); Ernesto S. Nakayasu (UT); Susana Frases (YU); Radames Cordero (YU); Igor C. Almeida (UT); Arturo Casadevall (YU); Leonardo Nimrichter (UFRJ); Marcio L. Rodrigues (UFRJ)

Estudos demonstraram que células fúngicas produzem vesículas extracelulares que carreiam compostos necessários para que os patógenos estabeleçam doença no hospedeiro mamífero. Porém, eventos relacionados à biogênese das vesículas fúngicas extracelulares são desconhecidos. Nesse estudo, a secreção de vesículas extracelulares produzidas por Saccharomyces cerevisiae foi analisada em células selvagens e mutadas. Essa mutação é feita na proteína sec4p, uma GTPase requerida para o transporte vesicular do aparato de Golgi para a superfície celular. Através de microscopia eletrônica de transmissão, foi demonstrado que as células selvagem e mutante produzem vesículas extracelulares arredondadas, com bicamadas lipídicas e diâmetro na faixa de 20 a 300nm. Os resultados foram confirmados por medidas físicas de diâmetro através de técnicas de dispersão dinâmica da luz. Análises lipídicas por cromatografia em camada fina e fluorimetria mostraram que a quantidade de vesículas secretadas pelo mutante sec4 é cerca de dez vezes menor do que nas células selvagens. A separação eletroforética das proteínas vesiculares seguida de Western blotting revelou que a proteína Vps10p, uma molécula componente de membranas do aparato Golgi, mostrou-se presente apenas na cepa selvagem. A análise proteômica das vesículas extracelulares revelou uma ampla composição, incluindo a presença de muitas proteínas relacionadas ao processo secretório associadas ao aparato Golgi. A similaridade composicional de proteínas vesiculares nas cepas selvagem e mutante sec4, em combinação com os dados quantitativos, pós-Golgi causa um retardo na liberação de vesículas extracelulares. Esses resultados sugerem que a produção de vesículas extracelulares em leveduras requer, em parte, vias secretórias ligadas ao aparato Golgi. O entendimento do processo secretório em leveduras pode resultar na possibilidade de controle dos mecanismos de liberação de fatores de virulência em fungos.