DETECÇÃO DOS GENES DA TOXINA CDT EM ESTIRPES DE CAMPYLOBACTER JEJUNI ISOLADAS DE FRANGOS DE CORTE E HORTALIÇAS ADQUIRIDOS DE HIPERMERCADOS E FEIRAS LIVRES DE SÃO PAULO, SP

Aline Feola de Carvalho (IB); Daniela Martins da Silva (IB); Sergio Santos Azevedo (UFCG); Rosa Maria Piatti (IB); Margareth Élide Genovez (IB); Eliana Scarcelli Pinheiro (IB)

A campilobacteriose é uma zoonose de distribuição mundial, sendo o Campylobacter jejuni e C. coli considerados microrganismos ubiquitários, encontrando-se dispersos no ambiente ou assumindo papel de agentes patogênicos ou comensais do trato gastrointestinal de animais. Um dos principais fatores de virulência relacionados à patogênese do C. jejuni em infecções humanas e animais, é a toxina citoletal distensiva (CDT), que interfere na divisão e diferenciação das células das criptas intestinais, levando à diarreia. Sua atividade é codificada pelo complexo de genes cdt, que consiste em três genes adjacentes (cdtA, cdtB e cdtC). Os objetivos do presente estudo foram isolar e identificar estirpes de C. jejuni e Campylobacter spp. a partir de 80 amostras de frangos de corte resfriados e 80 de hortaliças (40 espinafres e 40 alfaces) de hipermercados e feiras livres do município de São Paulo; detectar pela técnica da Multiplex-PCR a presença do complexo de genes cdt nas amostras isoladas de C. jejuni; verificar a inter-relação entre estirpes de Campylobacter spp. isoladas das amostras de origem animal e vegetal; avaliar se o local de compra afeta a presença ou ausência do microrganismo; e se há variação na ocorrência dos genes cdt nas estirpes de C. jejuni isoladas. Foram isoladas e identificadas por métodos fenotípicos e genotípicos, 16 estirpes de Campylobacter spp., provenientes de 10/80 (12,5%) amostras de frangos e de 3/80 (3,75%) hortaliças. Destas, 13 estirpes foram identificadas como C. jejuni (11 originárias de frangos, e duas de alface); e três estirpes como C. coli (duas de frangos e uma de alface). Todas as amostras de  espinafres foram negativas para Campylobacter spp.  A presença do complexo de genes cdt foi detectada em cinco (38,46%) estirpes de C. jejuni, quatro provenientes de frangos e uma de alface. Não foi observada diferença estatisticamente significativa com relação ao número de amostras positivas para Campylobacter spp. isoladas de frangos e hortaliças, entre hipermercados e feiras livres, e entre estirpes produtoras da toxina CDT em frangos e hortaliças.  No presente estudo, obteve-se a primeira detecção de cinco estirpes portadoras do complexo de genes cdt no estado de São Paulo, mostrando que Campylobacter spp. pode estar presente tanto nos alimentos de origem animal como vegetal, e apresentar fatores de virulência, como a toxina CDT.