Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1279-1 | ||||
Resumo:Infecção no Trato Urinário (ITU) é uma das infecções mais comuns que ocorrem na população em geral e pode apresentar um amplo espectro clínico. O diagnóstico baseia-se na sintomatologia apresentada pelo paciente e solicitação de exames de urina simples (US), urocultura (UC) e antibiograma (ATBG). O tratamento segue com a administração empírica precoce de antimicrobianos a fim de evitar a progressão da doença, seguindo indicações de esquemas terapêuticos recomendados. No entanto, essa conduta realizada antes dos resultados dos exames, pode favorecer o surgimento de bactérias multiresistentes diante da recomendação de antibióticos para pacientes com ausência de bactérias na urina. Sendo assim, esse trabalho teve por objetivo avaliar a conduta médica frente a possíveis casos de ITU e analisar o perfil de exames relacionados a ITU ambulatoriais, solicitados a um laboratório clínico particular da cidade de Cascavel-PR, além do perfil de bactérias identificadas e o nível de sensibilidade aos antibióticos mais utilizados como tratamento dessa patologia. Os dados analisados foram obtidos do sistema interno metabase do laboratório, referente aos anos 2013 e 2022. Nenhum dado pessoal dos médicos ou pacientes foi exposto, seguindo as diretrizes da LGPD. Em 2022, foram solicitados 27.175 exames de urina simples, dentre os quais 3.732 (13,7%) apresentaram presença de bactérias. O exame de UC apresentou 9.927 solicitações com 1.959 (19,7%) positivos, sendo identificadas as seguintes bactérias: Escherichia coli (60,9%), Enterobacter spp (14,7 %) e Klebsiella spp (12%). Por ser mais incidente, analisamos o ATBG para E. coli e observamos que os antibióticos mais efetivos foram a Gentamicina (89%), Ertapenem (87%) e Amicacina (89%). Quando analisamos o perfil de resistência da E.coli aos antibióticos, observamos que Ampicilina (71%), Cefazolina (59%), Sulfametoxazol+Trimetropina (38%), Ciprofloxacina e Levofloxacina (29%), Norfloxacina (28%) e Amoxicilina+Clavulonato (25%) apresentaram mais de 20% de ineficiência em combater o crescimento desse patógeno. Quando comparamos os resultados do ATBG para E.coli de 2022 com os dados respectivos do ano de 2013, vimos que houve um significativo aumento nos níveis de resistência aos antibióticos e uma redução na sensibilidade em relação a estes medicamentos. Na entrevista com médicos atendentes ambulatoriais observamos que em 76% dos casos, antibióticos foram prescritos sem o conhecimento do resultado do exame US, que mostra a presença ou não de bactérias. Dada a importância do tratamento adequado de ITU e diante dos resultados aqui apresentados, sugerimos que um monitoramento dos níveis de eficiência dos antibióticos disponíveis seja feito antes da administração dos mesmos. Além disso, é importante que a conduta médica dê mais relevância para exames como US, para que assim o tratamento seja mais assertivo e o paciente não receba antibióticos de maneira desnecessária o que pode levar à geração de bactérias multiresistentes. Palavras-chave: Infecção urinária, resistência microbiana, tratamento ITU, exame de urina, antibiótico Agência de fomento:Biovel - Laboratório de Análises e Pesquisas Clínicas; Gastroclínica Cascavel |