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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 1275-2

1275-2

Impacto das moléculas produzidas por Cutibacterium acnes nas características fenotípicas e morfológicas de Staphylococcus lugdunensis.

Autores:
Marcos Filipe Muniz Faria (IMPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Goes) ; Rayssa Durães Lima (IMPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Goes) ; Rosana Barreto Ferreira Rocha (IMPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Goes) ; Jessica Fernanda (IMPG - Instituto de Microbiologia Paulo de Goes)

Resumo:
Staphylococcus lugdunensis é uma bactéria gram-positiva com disposição espacial na forma de cocos em cachos, que está presente na microbiota humana, frequentemente na pele. Porém esta espécie também pode ser associada a diversas infecções, como infecções relacionadas ao uso de dispositivos médicos e endocardite infecciosa. Um dos principais fatores de virulência de S. lugdunensis é a sua capacidade de formar biofilmes, o que dificulta o tratamento das infecções por sua resistência aumentada aos antimicrobanos e à resposta imune do hospedeiro. Cutibacterium acnes é um bacilo gram-positivo, anaeróbio que integra a microbiota da pele humana. A microbiota tem sido estudada nos últimos anos como fonte de novos compostos com atividade contra patógenos, principalmente devido à urgência de tratamentos que driblem a multiresistência a antimicrobianos. Pelo fato de C. acnes e S. lugdunensis integrarem a mesma microbiota e estarem presentes na superfície da pele, o objetivo do trabalho foi avaliar a atividade de moléculas secretadas por C. acnes nas características morfológicas de S. lugdunensis. Para obter o meio condicionado livre de células (MCLC), cultivamos C. acnes por 72 h a 37 °C sob anaerobiose, coletamos o sobrenadante, filtramos e concentramos. O efeito do MCLC sobre a morfologia de S. lugdunensis foi avaliado com a lupa microscópica e através de microscopia eletrônica de varredura. MCLC de C. acnes afetou as características morfológicas das colônias de S. lugdunensis, que apresentaram fenótipo mais liso. A capacidade de formação do biofilme de S. lugdunensis foi testada frente ao MCLC de C. acnes após 4, 6 e 8 h de incubação, tendo sido a formação do biofilme afetada após 4 e 6 h de crescimento. Também avaliamos a capacidade de formação de biofilme de S. lugdunensis na presença de diferentes cepas de C. acnes, demonstrando que houve maior formação de biofilme quando as cepas de C. acnes estavam em associação a S. lugdunensis em comparação ao biofilme formado por cada espécie isoladamente. Juntos, nossos dados indicaram que as moléculas secretadas por C. acnes possuem potente atividade sobre a morfologia e a formação do biofilme de S. lugdunensis. O entendimento destes resultados, aliados a novos experimentos abrirão caminhos para o aprofundamento da busca por novas alternativas terapêuticas e novos tratamentos, com participação direta da microbiota humana.

Palavras-chave:
 Staphylococcus lugdunensis, Cutibacterium acnes, biofilme, microbiota da pele, tratamento alternativo


Agência de fomento:
CAPES; CNPq; FAPERJ