Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1269-1 | ||||
Resumo:O Brasil possui o terceiro maior rebanho equino do mundo, gerando movimentação considerável na economia brasileira. Staphylococcus spp. são bactérias comensais de diversas espécies, incluindo equinos e humanos, podendo haver contaminação direta entre humanos e equinos, causando principalmente infecções secundárias. Assim, o surgimento de cepas resistentes a diversos antimicrobianos, como os beta-lactâmicos pode levar a perda econômica relacionada a ineficácia dos tratamentos com antimicrobianos. No presente estudo, a prevalência de Staphylococcus meticilina resistente (MRS) no estado de Santa Catarina (SC) foi verificada por meio de levantamento epidemiológico em diferentes municípios do estado. Para isso, o estado foi divido em 6 mesorregiões, conforme determinado pelo Serviço Público Federal via Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina. Definiu-se 70 amostras por região, totalizando 420 amostras. As propriedades foram selecionadas em municípios com mais de 500 equinos sendo que as coletas foram realizadas por fricção de swabs nasais de equinos saudáveis de diferentes idades e sexo. As amostras foram acondicionadas em meio de transporte (ágar-ágar a 15%), até serem processadas no Centro de Diagnóstico Microbiológico Animal – CEDIMA da Universidade do Estado de Santa Catarina. Após foram cultivadas em meio Brain Heart Infusion salgado 7%, incubadas por 24h em estufa à 37ºC. Posteriormente, as amostras foram cultivadas em meio manitol salgado, sendo realizada a identificação bacteriana por meio da coloração de Gram e testes bioquímicos. A identificação fenotípica de MRS foi realizada através do teste de discos de difusão em Ágar Mueller-Hinton com cefoxitina/oxacilina. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o cálculo de prevalência dos isolados de MRS, utilizando a fórmula padrão Prevalência = Número de isolados/população amostrada x 100. Os demais dados foram tabulados em planilha no Excel e realizada análise descritiva. Das 420 amostras analisadas 34,05% (143/420) foram fenotipicamente positivas para MRS, sendo 11,88% (17/143) positivas na região da grande Florianópolis; 2,1% (3/143) na região do Vale do Itajaí; 4,9% (7/143) na região Norte; 37,76% (54/143) na região Sul; 21% (30/143) na região Oeste e 22,37% (32/143) na região Serrana. As regiões Norte, Sul e Oeste apresentaram maior incidência de MRS, esse fato pode estar relacionado ao uso excessivo e errático de antimicrobianos em seus rebanhos, aumentado a pressão de seleção para cepas multirresistentes. No sul de SC, 77,17% (54/70) dos animais estavam colonizados por MRS, número extremamente preocupante devido ao contato desses animais com os humanos e mostrando o equino como um possível reservatório de microrganismos multirresistentes caso o uso de antimicrobianos seja feito de forma descontrolada. Estudos realizados pelo mundo, como no Canadá, Itália e Holanda demonstraram aproximadamente 22% dos equinos saudáveis testados positivos para presença de MRS. O aumento da resistência antimicrobiana é um grande fator de risco na saúde única, pois os equinos, em sua maioria, são utilizados como animais de companhia, sendo usados em diversas atividades que potencializam a exposição aos humanos. Portanto, o aumento de casos de cepas multirresistentes em equinos na região estudada, pode prejudicar o desenvolvimento econômico do rebanho de Santa Catarina. Palavras-chave: Antimicrobianos, MRS, Multirresistentes, Oxacilina, Saúde pública Agência de fomento:Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina |