Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1257-2 | ||||
Resumo:Bactérias produtoras da enzima Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) são uma preocupação de saúde pública mundial, geralmente por apresentarem resistência à maioria das classes de antimicrobianos e estarem associadas a desfechos desfavoráveis. No Brasil e no mundo, o gene blaKPC tornou-se endêmico em diversas regiões. Esta realidade foi agravada pelo advento da pandemia da Covid-19, que facilitou a disseminação destes microrganismos resistentes. Com este trabalho, objetivou-se analisar a frequência da carbapenemase KPC em Klebsiella spp. originadas de hospitais públicos e privados da região Norte do Brasil no período de antes e depois da pandemia da COVID-19. Foram analisadas 775 amostras de Klebsiella spp. resistentes aos carbapenêmicos originadas de 21 hospitais públicos e privados do Pará e sete hospitais do Acre. Estas amostras foram recebidas no Instituto Evandro Chagas no período de antes (2018 e 2019) e depois da pandemia da COVID-19 (2020 e 2021), através de uma rotina de vigilância da resistência antimicrobiana. A detecção do gene de resistência blaKPC foi realizada por Reação em Cadeia mediada pela Polimerase (PCR), seguido de eletroforese em gel de agarose. Dentre as 775 amostras analisadas, 58% (n=450/775) eram produtoras do gene blaKPC. Estas foram originadas de 15 hospitais da capital do Pará, três hospitais do interior do estado e sete hospitais do Acre. Em decorrência do aumento no volume de amostras recebidas, o ano de 2021 possui, notoriamente, o maior número de detecções para este gene, concentrando 44,4% de todos os isolados positivos (n=200/450) e uma taxa de detecção (amostras positivas para blaKPC ao ano/amostras recebidas ao ano) de 51,6% (n=200/387) neste período. Nos demais anos do estudo, nota-se uma taxa de detecção aparentemente constante, com 63,8% (n=67/105) em 2018, 73,8% (n=107/145) em 2019 e 55% (n=76/138) em 2020. A K. pneumoniae foi a espécie de maior frequência observada, correspondendo a mais de 97% (n=440/450), seguida de 2% (n=7/450) de K. aerogenes, 0,4% (n=2/450) de K. oxytoca e 0,2% (n=1/450) de K. ozaenae. Com relação as enfermarias de origem, a UTI adulto destacou-se ao representar 46,9% (n=211/450) dos isolado detectados, seguido de 26% (n=117/450) de clínicas e 4% (18/450) de UTI pediátrica. A amostra clínica de maior frequência entre os isolados foi secreção traqueal 27% (n=120/450), seguida urina 24% (n=106/450) e swab de vigilância 20% (n=89/450). Por fim, as faixas etárias de maior destaque foram idoso (+60) 36,8% (n=166/450), adulto (19-59 anos) 36,2% (n=163/450) e criança (1-12 anos) 9,5% (n=43/450). A pandemia da Covid-19 proporcionou um cenário de crescimento e disseminação para diversos genes de resistência, inclusive àqueles já consolidados como o blaKPC. Através destas análises, foi possível perceber a constância da disseminação destes microrganismos, sem perspectiva de diminuição. Desta forma, nota-se a necessidade do devido monitoramento e vigilância destes microrganismos, sobretudo a K. pneumoniae, que é patógeno considerado crítico pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Palavras-chave: Carbapenemase, Covid-19, Klebsiella pneumoniae CARBAPENEMASE, Resistência Antimicrobiana Agência de fomento:Instituto Evandro Chagas |