Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1205-1 | ||||
Resumo:Os lipopeptídeos constituem uma classe de biossurfactantes de baixo peso molecular com amplo espectro terapêutico e biotecnológico. Suas moléculas são compostas por uma porção lipídica (hidrofóbica) ligada a uma cadeia peptídica (hidrofílica), conferindo atividade antimicrobiana e antifúngica. Esses lipopeptídeos se dividem em três família principais: surfactina, iturina e fengicina, sendo as duas últimas com notáveis propriedades antifúngicas. Este estudo teve como objetivo avaliar e comparar a produção de lipopeptídeos em diferentes meios de culturas com o intuito de inibir fungos fitopatogênicos. A produção de lipopeptídeos foi realizada nos meios 523, meio Mineral e meio Farelo de Soja, utilizando o isolado Bacillus subtilis LBBMA TR59ll, com 3 repetições para cada meio de cultura. Após 72 horas de cultivo, foi realizada a recuperação do extrato bruto e o ensaio de inibição antifúngica em microplacas. O processo de recuperação do extrato bruto envolveu precipitação ácida, centrifugação, ressuspensão do sedimentado, ajuste do pH e, novamente, centrifugação, seguida de liofilização. Quatro miligramas do lipopeptídeo liofilizado foi ressuspendido em água destilada e autoclavado para o teste de inibição em placa de 96 poços, a fim de avaliar sua atividade antifúngica. Diluições seriadas da solução de lipopeptídeo foram realizadas nos poços, a partir de 100 µL de modo a se obter 8 concentrações do extrato (8,125 – 1000 ppm), contendo previamente 50 µL de água destilada estéril nos demais poços. Posteriormente, foram adicionados em cada poço 50 µL da suspensão de esporos do fungo Colletotrichum truncatum na concentração de 2x105 esporos/mL. Os poços não tratados foram utilizados como controles. As microplacas foram incubadas a 25 °C por 6 dias, e leituras de densidade óptica 620nm foram feitas a cada 48 horas. Os resultados foram expressos com a média ± desvio padrão e analisados pelo software GraphPad Prism (versão 5.04) obtidos a partir de três repetições. Ao final do cultivo de 72 horas, observou-se maior valor do rendimento de extrato bruto (2200 mg/L) para o meio Mineral em comparação ao meio 523 (1400 mg/L) e ao meio Farelo de soja (1100 mg/L). Em relação a Concentração Mínima inibitória (MIC), para o meio Mineral, a inibição não foi observada nas primeiras 48 horas, e a MIC foi de 1000 ppm em 72 horas de incubação. O meio 523 alcançou a menor concentração de lipopeptídeos necessária para inibir totalmente o crescimento fúngico visível, com valor de 500 ppm, embora tenha apresentado uma redução no efeito de inibição com o passar do tempo. Já o meio Farelo de soja, diferente dos outros dois meios, observou-se inibição do crescimento fúngico em todos os tempos de incubação, com concentração de 500 ppm em 24 horas e 1000 ppm para os tempos de 48 e 72 horas. Os resultados indicam que o meio de cultura exerce uma influência significativa na produção de lipopeptídeos e na inibição do fungo. No meio Mineral foi alcançada uma maior produção do extrato bruto, porém, constatou-se uma menor eficácia na inibição do crescimento fúngico. No meio 523, foi obtido o segundo melhor rendimento, entretanto, ao longo do tempo seu poder de inibição diminuiu. Já no meio Farelo de soja, apesar de apresentar o menor rendimento, demostrou ser capaz de inibir o crescimento fúngico em todas as leituras realizadas. Palavras-chave: Bacillus subtilis, inibição fúngica, lipopeptídeos, rendimento do estrato bruto Agência de fomento:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |