| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1185-1 | ||||
Resumo:Em decorrência da Revolução Industrial, houve o advento de indústrias petrolíferas que fomentaram o desenvolvimento de diversos produtos utilizados no cotidiano por toda a sociedade. Contudo, a utilização do petróleo aumentou a ocorrência de contaminações ambientais, visto que, além de gerar poluição devido aos resíduos do seu refino e os subprodutos produzidos (querosene, diesel, etc.), causa acidentes de derramamento, o que compromete todo o ecossistema acometido. A exemplo, em 2019, borras oleosas provenientes de derramamento de óleo foram encontradas nas praias do nordeste brasileiro, o que causou diversos desequilíbrios ambientais, urgindo, dessa maneira, a necessidade de mecanismos que atuem para a biorremediação destes locais. Para isso, esse trabalho objetivou prospectar microrganismos produtores de biossurfactantes (moléculas anfipáticas biológicas) com potencial aplicação biotecnológica. Desse modo, amostras de solo da mata atlântica foram coletadas em Ilhéus-BA e inoculadas em meio contendo 1% de borra oleosa e 1% de ureia, com o intuito de isolar microrganismos hidrocarbonoclásticos (degradadores de hidrocarbonetos). Após 21 dias de incubação, uma alíquota foi diluída serialmente em solução salina e plaqueada em ágar diesel, o que resultou no isolamento de 45 isolados hidrocarbonoclásticos. Com isso, os isolados foram inoculados em meio RM, e, após 48 horas de incubação sob agitação e temperatura constantes (150rpm e 28°C), o sobrenadante foi separado por centrifugação e o precipitado de células foi ressuspendido em solução tampão Tris HCl com pH 7. Os dois produtos foram utilizados para que fosse determinado o índice de emulsificação (EAI) dos surfactantes produzidos, que é realizado a partir da medição da altura da fase de emulsão. Para tanto, adicionou-se 4ml de querosene e 4ml do sobrenadante/células suspensas em tubos de ensaio que, por conseguinte, foram submetidos a agitação em vórtex em velocidade máxima por 2 minutos e, por fim, foi calculado o EAI. Após isso, três isolados foram selecionados por apresentarem uma elevada atividade de emulsificação de acordo com dados analisados na literatura (EAI ≥ 70%). A curva de crescimento dos isolados selecionados foi avaliada por meio do seus cultivos realizados em meio RM e temperatura de 28ºC a agitação constante de 150rpm. A determinação do crescimento foi obtida por espectrofotometria com leitura de densidade óptica (OD) no comprimento de onda de 600nm, a cada 12h durante 5 dias. Nesse ínterim, foi calculado o EAI a cada 12h para determinar em qual momento há o pico de produção de biossurfactantes. Além disso, cada tubo de emulsificação testado foi analisado quanto à estabilidade da emulsão ao longo do tempo (0h, 24h, 48h e 72h). Constatou-se nesse estudo que as três bactérias hidrocarbonoclásticas estudadas apresentaram o início de sua fase estacionária após às 48h, e que neste período houve o pico de produção de biossurfactantes. Na avaliação de estabilidade, observou-se que as três produzem biossurfactantes que possuem uma alta resistência, visto que, nos diferentes momentos analisados, a variação da altura da fase de emulsão dos tubos do teste foi mínima. Desse modo, pode-se concluir que os microrganismos estudados possuem um potencial uso biotecnológico para produção de biossurfactantes, os quais são capazes de serem empregados em diferentes áreas e são excelentes alternativas de biorremediação, uma vez que degradam borras oleosas de maneira sustentável. Palavras-chave: Bioremediação , Biossurfactantes , Biotecnologia , Contaminação por petróleo , Microrganismos hidrocarbonoclásticos Agência de fomento:Universidade Estadual de Santa Cruz e ICB | |||||