Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1168-2 | ||||
Resumo:Bacilos gram-negativos resistentes aos betalactâmicos (BGN-RB) desafiam a terapia de infecções. Além de IRAS, os BGN-RB causam infecções adquiridas na comunidade (IAC) e já foram descritos em alimentos e águas recreativas. A propagação de BGN-RB em ambientes extra-hospitalares sugere uma relação entre exposição e colonização. No entanto, poucos estudos avaliaram a colonização por essas bactérias, especialmente no Brasil. Além disso, poucos estudos que realizaram esta pesquisa exploraram os possíveis fatores de risco nesta ocorrência. Hipotetizamos que a presença desses organismos nos compartimentos ambientais promove a colonização em humanos, que podem servir como reservatórios e veículos para a inserção de resistência antimicrobiana em instituições de saúde. Nosso objetivo é descrever a prevalência da colonização intestinal por BGN-RB, os genes envolvidos e possíveis fatores de risco associados à colonização em indivíduos da comunidade. O tamanho da amostra foi calculado considerando um intervalo de confiança de 95%, um erro aceitável de 5%, e uma proporção estimada de 13% em uma população infinita. Indivíduos sem histórico de hospitalização recente, admitidos na emergência de dois hospitais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, um público e um privado, foram convidados a participar do estudo. Além do TCLE, eles responderam a questionários sobre dados clínicos, demográficos, socioeconômicos e estilo de vida; e forneceram um swab retal auto-coletado. Os swabs foram semeados em TSA para controle da coleta e viabilidade dos espécimes; pacientes cujo swab não mostrou crescimento nesta etapa foram excluídos do estudo. Os espécimes também foram cultivados sob ceftriaxona e, em seguida, o crescimento foi replicado em cefepima, cefoxitina e imipenem. Dois representantes de cada morfotipo obtidos das réplicas foram subcultivados, identificados, armazenados e submetidos a pesquisa fenotípica e genotípica de ESBL, pAmpC e carbapenemase, respectivamente. Os resultados prévios mostram que, dos 182 swabs recebidos, nove foram excluídos após o controlo de viabilidade; 85% eram do hospital público (A), e 15% foram do hospital privado (B). A idade média dos participantes incluídos foi de 43 anos (IQR 32); 67% eram mulheres e 33% eram homens. A razão mais frequente para procurar atendimento foi dor (35%), síndromes infecciosas (15%) e respiratórias (12%). Entre as 408 cepas obtidas, 55% pertenciam às Enterobacteriaceae, 18% às Pseudomonadaceae e 11% às famílias Moraxellaceae. A prevalência de BGN resistentes aos betalactâmicos foi de 21,4%. ESBL foi detectada em 19,1% dos pacientes, pAmpC em 3,5% e carbapenemase em 1,2%. Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae foram as espécies prevalentes entre as produtoras de ESBL (86% e 9%, respectivamente) e de AmpC (82% e 18%, respectivamente). Entre os produtores de carbapenemase, a E. coli também foi a espécie mais comum (86%) seguida por Pseudomonas aeruginosa (14%). Esses resultados sugerem um aumento nas taxas de colonização por cepas de BGN-RB, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em relação aos dados disponíveis na literatura, sobretudo no período pré-pandêmico; no entanto, devido à escassez de estudos acerca da colonização, resultados suplementares devem ser considerados a fim de elucidar os fatores envolvidos nesta crescente colonização. Palavras-chave: bacilos gram-negativos, Enterobacteriaceae, pAmpC, ESBL, carbapenemase Agência de fomento:CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico |