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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 1134-2

1134-2

OCORRÊNCIA DE AEROMONAS spp. RESISTENTES A MÚLTIPLOS ANTIMICROBIANOS EM UM ESTUÁRIO URBANO NO RIO DE JANEIRO

Autores:
Anna Luiza Bauer Canellas (IMPG - UFRJ - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes - UFRJ) ; Ana Clara Machado da Silva (IMPG - UFRJ - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes - UFRJ) ; Bruno Francesco Rodrigues de Oliveira (MIP - UFF - Departamento de Microbiologia e Parasitologia - UFF) ; Marinella Silva Laport (IMPG - UFRJ - Instituto de Microbiologia Paulo de Góes - UFRJ)

Resumo:
No contexto de Saúde Única, torna-se imprescindível a investigação da resistência aos antimicrobianos no meio ambiente, notoriamente em ecossistemas aquáticos. Assim, o objetivo principal do presente estudo foi caracterizar estirpes de Aeromonas spp. isoladas de amostras de água da Baía de Guanabara, um estuário urbano recreativo, mas cronicamente impactado pela ação antropogênica no Rio de Janeiro. Este estudo se fundamentou na caracterização de 13 estirpes de Aeromonas spp. isoladas de três locais distintos na Baía de Guanabara em junho de 2020. A susceptibilidade aos antimicrobianos foi testada por disco-difusão e a presença de genes de resistência aos antimicrobianos e metais pesados e do gene codificador da integrase do integron de classe 1 (intI1) foi avaliada por meio de reações em cadeia da polimerase (PCR). Uma estirpe, identificada como Aeromonas hydrophila, foi submetida ao sequenciamento completo do genoma na plataforma Illumina. Dentre as 13 estirpes de Aeromonas testadas, todas apresentaram não-susceptibilidade a ao menos dois antimicrobianos distintos, sendo as maiores taxas de resistência detectadas frente à cefotaxima, amoxicilina-ácido clavulânico e ciprofloxacina. Os genes codificadores de resistência a beta-lactâmicos blaSHV, blaGES, blaCTXM-1,2, blaTEM; blaCTXM-8, blaCTXM-14, blaKPC e à polimixina E, mcr-3, foram detectados em 69,2%; 53,8%; 46,1%; 46,1%; 38,4%; 23,07%; 30,7% e 15,4% das estirpes, respectivamente. Uma vez que tais genes são dotados de relevância clínica, sua ocorrência em bactérias isoladas de um ambiente estuarino sugere a extensão do impacto antropogênico no local. Os genes de resistência a cobre (cusB) e ao mercúrio (merA), foram detectados em 30,7% e 76,9% das estirpes, respectivamente. O gene intI1 foi detectado em 53,8% das estirpes, sendo esse um gene considerado um marcador de poluição antropogênica e frequentemente encontrado em associação com genes de resistência a antimicrobianos. O sequenciamento do genoma de uma estirpe de A. hydrophila revelou a presença de 17 genes de resistência a antimicrobianos distintos, incluindo genes codificadores de resistência a carbapenemas, colistina, fluoroquinolonas, tetraciclinas, sulfonamidas e aminoglicosídeos. Foi verificada a presença de fatores de virulência, como exotoxinas, sideróforos, sistemas de secreção e elementos relacionados à adesão. Diversos genes relacionados à adaptação bacteriana a ambientes impactados foram detectados, incluindo genes associados à produção de piomelanina e à redução de compostos nitroaromáticos (frequentemente presentes em tintas e plásticos) e de azocompostos, os quais geralmente apresentam toxicidade e podem ser encontrados em tintas. Ademais, a detecção de plasmídeo IncQ1, múltiplas famílias de sequências de inserção, genes relacionados à mobilização e prováveis elementos móveis, sugerem o papel de Aeromonas spp. como disseminadoras e receptoras de genes de resistência em um ambiente frequentemente utilizado para fins recreativos e de subsistência.

Palavras-chave:
 Aeromonas, resistência aos antimicrobianos, saúde única, Baía de Guanabara


Agência de fomento:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo: 306395/2020-7; Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, processos: E 26/200.948/2021, E-26/211.284/2021; Coordenação de Aperfeiçoam