Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1122-1 | ||||
Resumo:O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo. Para ampliar seu comércio internacional, a suinocultura brasileira tem se submetido a rigorosos controles de produção e de sanidade, a fim de atender as exigências do comércio nacional e internacional. A Peste Suína Clássica (PSC) é uma doença que pode comprometer severamente as relações comerciais e causar prejuízos significativos na produção, principalmente por desencadear redução da produtividade e possuir alta taxa de contágio e letalidade. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi identificar as regiões com maior risco de ocorrência de PSC no território brasileiro, por meio da análise temporal e espaço-temporal compreendidas entre 1999 e 2021. As estatísticas relacionadas a casuística de PSC em suínos foram coletadas do banco de dados oficial do Sistema Nacional de Informações Zoossanitárias do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As informações coletadas consistiram em número de casos positivos, ano de notificação e o estado brasileiro entre o período de janeiro de 1999 a dezembro de 2021. Nesse período, foram notificados 3251 casos da doença no Brasil, sendo todos distribuídos na zona não-livre, principalmente, na região nordeste. Na análise temporal retrospectiva, observou-se distribuição heterogênea dos casos, sendo 2009, 2018 e 2019 os anos que apresentaram maiores números acumulados (693, 810 e 724 casos, respectivamente), totalizando 67,45% (2192/3251) das notificações no país, centralizados no Ceará e Piauí. Na tendência temporal, realizado por avaliação percentual anual (APC), verificou-se comportamento decrescente da casuística em Pernambuco (APC: -24,49%); Paraíba (APC: -19,35%) e Rio Grande do Norte (APC: -11,85%); e estabilidade (P>0,05) no Maranhão (APC: 0,17%); Pará (APC: 1,61%) e Amapá (APC: 15,52%). No entanto, foi identificada tendência de aumento dos casos no Piauí (APC: 25,58%), Alagoas (APC: 28.01%) e Ceará (APC: 17.99%). Além disso, foi descrito dois clusters de alto risco de ocorrência da doença no período estudado: i) cluster primário formado pelo Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, entre 2018 e 2019; e ii) cluster secundário, formado por Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Mato Grosso, no ano de 2009. Anualmente, a doença se comportou de forma heterogênea, com ausência de notificação nos estados brasileiros entre 2010 a 2017, retornando em 2018 com picos de notificação, exclusivamente em 2019 no Ceará e Piauí, caracterizando comportamento. O estado cearense é importante como região “hot-spot” para o espalhamento do vírus da PSC no território brasileiro, proporcionando risco aos estados limítrofes que se apresentam em tendência de decrescimento ou de estabilidade. Também se observou comportamento cíclico em relação aos meses do ano, com maiores casos ocorridos em maio, porém, não foi possível correlacionar com qualquer fator de risco associado ao clima ou estação do ano. Assim, este estudo demonstrou a necessidade de melhores programas de monitoramento, controle e erradicação da PSC, com ações efetivas em focos para conter sua dispersão; além de atuação no controle de suínos selvagens e conscientização dos produtores nos estados que indicaram maiores risco históricos de infecção. Palavras-chave: suínos, epidemiologia espacial, risco, vírus Agência de fomento:Universidade Federal do Piauí, Campus Professor Cinobelina Elvas. |