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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 1115-2

1115-2

COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS DE MICRORGANISMOS EM INFECÇÕES URINÁRIAS ASSOCIADAS AO USO DE SONDAS VESICAIS EM PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DURANTE A O PERÍODO PANDÊMICO

Autores:
Monica de Souza Ferreira de Mattos (UEM - Universidade Estadual de Maringá) ; Heloisa Moreira Dias Pereira (UEM - Universidade Estadual de Maringá) ; Heloisa Rabelo de Oliveira (UEM - Universidade Estadual de Maringá) ; Josy Anne Silva (HUM - Hospital Universitário Regional de Maringá) ; Silvia Maria dos Santos Saalfeld (HUM - Hospital Universitário Regional de Maringá) ; Mirian Nicéa Zarpellon (HUM - Hospital Universitário Regional de Maringá) ; Sheila Alexandra Belini Nishiyama (UEM - Universidade Estadual de Maringá) ; Maria Cristina Bronhato Tognim (UEM - Universidade Estadual de Maringá)

Resumo:
Infecções do trato urinário (ITU) são muito comuns no ambiente hospitalar, principalmente em pacientes já hospitalizados em unidades de terapia intensiva (UTI) que fazem uso de dispositivos invasivos como sonda ou cateteres urinários. A aderência de bactérias e fungos a estes dispositivos podem favorecer infecções de difícil tratamento, influenciado pelo tempo de utilização e os tipos de microrganismos (MO) presente. Durante a pandemia de COVID-19 a grande maioria dos pacientes internados em UTI fizeram o uso de sondas, sendo assim o objetivo do presente estudo foi verificar a influência do tempo de uso da sonda no tipo de MO presente na urinocultura e ainda possíveis diferenças entre os MOs isolados dos pacientes com e sem COVID-19. Foi realizado um estudo, retrospectivo, a partir da análise de prontuários eletrônicos e laudos laboratoriais de pacientes internados no Hospital Universitário regional de Maringá, obtidos através do Sistema de Gestão Hospitalar e Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (GSUS) e do software EpicenterTM (Becton Dickinson, Sparks, MD, EUA), no período de 2019 a 2022. Foram incluídos no estudo pacientes com ITU internados na UTI adulto (UTI-ADULTO) e UTI adulto de referência para COVID-19 (UTI-COVID). De um total de 144 pacientes 67 eram da UTI-ADULTO e 77 da UTI-COVID. Já em relação aos isolados, dos 67 pacientes da UTI-ADULTO 39 tiveram ≥ 1 isolado, enquanto na UTI-COVID 35/77 tiveram ≥ 1 isolado, totalizando 204 isolados, sendo 88 na UTI-ADULTO e 116 na UTI-COVID. A análise da comparação entre os MO isolados das urinas coletadas na introdução da sonda de alívio ou de demora (n=71) e das urinas coletadas após 24h de sonda (n=126) e 48h (n=2) demonstrou que na introdução da sonda o número de leveduras do gênero Candida foi o maior (n=32) seguido de Klebsiella pneumoniae (n=15) e Enterococos (n=9). Já após 24h o número de Candida foi mais que o dobro (n=68) assim como o de Enterococos (n=16), enquanto o número de K. pneumoniae foi praticamente o mesmo (n=16). No entanto, a resistência aos carbapenêmicos foi muito maior na UTI-COVID (75%) contra 40% na UTI-ADULTO. O número de bacilos Gram-negativos (BGN) não fermentadores como Acinetobacter baumannii foi pequeno na introdução da sonda (n=1) mas foi 8x maior após 24h, ao contrário da Pseudomonas aeruginosa que de 4 positivos passou para 5. Ainda pode-se destacar que na UTI-COVID houve um maior número de fungos e maior variabilidade de espécies de leveduras. Destacamos que para Candida tropicalis devido a sua alta virulência que esteve presente em 19 pacientes em ambas UTIs sendo que seu número dobrou passando de 6 na introdução da sonda para 13 após 24h. Para Candica albicans o número quase triplicou entre a introdução e 24h passando de 12 para 32. Também foram detectadas leveduras pouco comuns como Trichosporon asahii principalmente na UTI-COVID após 24h de troca da sonda (5 isolados). Os dados demonstram que os fungos foram protagonistas nas ITUs, tanto na UTI-COVID quanto na UTI-ADULTO e que o número dos fungos foi bem maior após 24 horas da troca de sonda reforçando o fato de que a capacidade de aderência e formação de biofilme ao cateter urinário favorecem sua presença em pacientes com dispositivos. Um outro fato que devemos salientar é que a alta taxa de resistência nos BGN, principalmente na UTI-COVID, pode aumentar as taxas de mortalidade neste grupo de pacientes já debilitados.

Palavras-chave:
 Candida, infecções, sonda, trato urinário


Agência de fomento:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)