Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1099-1 | ||||
Resumo:A COVID-19 foi considerada uma nova doença com grande impacto na saúde pública e que ameaçou a humanidade. A microbiota intestinal humana é constituída por uma grande e diversa comunidade de microrganismos residentes que incluem bactérias, archaea, vírus e fungos. As bactérias intestinais associadas à indivíduos saudáveis pertencem a quatro grandes Filos entre eles Actinobacteria, Firmicutes, Proteobacteria e Bacteroidetes. Esta comunidade microbiana intestinal desempenha um papel fundamental na saúde por meio de suas ações protetoras, tróficas e metabólicas, incluindo várias funções fisiológicas do hospedeiro como digestão e imunidade contra patógenos. O presente estudo avaliou os efeitos da COVID-19 nas microbiotas intestinais de 6 pacientes entre eles, 2 pacientes com sintomas leves (P1), 2 pacientes com sintomas graves (P2) e 2 pacientes sem COVID-19 (P3), ambos internados no Hospital Municipal da cidade de Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil. As análises de Metabarcoding foram realizadas com o DNA da microbiota humana associada a amostras de fezes, o qual foi extraído com o kit DNeasy® PowerSoil® (QIAGEN), seguida da amplificação do gene 16S RNAr e sequenciamento em Plataforma Illumina MiSeq. A análise funcional foi realizada utilizado as abundâncias da via MetaCyc que são as principais previsões relativa às vias metabólicas relacionadas as comunidades microbianas, produzidas pelo PICRUSt2. A análise das principais vias metabólicas demostrou uma produção mais atenuada da L-isoleucina (PWY-5103) pelos pacientes com sintomas graves da COVID19 (PAC3 36515,60) em relação aos demais pacientes analisados (PAC1 32393,99 e PAC3 32343,29). Já as vias de degradação de Glutaril-CoA (PWY-3001) e da degradação de D-galacturonato I (GALACTUROCAT-PWY), responsáveis pela síntese do butirato, demonstraram valores baixos nas amostras do paciente com COVID19 grave (PAC2 22,05 e 7385,05), respectivamente). Outros fatores predominantes reduzidos nas amostras dos pacientes graves foram as vias relacionadas a PWY-1269 biossíntese de CMP-3-desoxi-D-mano-octulosonato I (PAC2 343,94) e PWY-7220 adenosina desoxirribonucleotídeos de novo biossíntese II (PAC2 21844,85), vias cuja subclasse corresponde a biossíntese de nucleotídeos de açúcar. Além disso, a via PWY-4984 ciclo da ureia (PAC2 23,73 µL) cuja subclasse corresponde a M=metabolismo composto de nitrogênio. Evidências da diminuição das vias de produção de ácidos graxos de cadeia curta associada a COVID19 em pacientes graves, além da diminuição dos níveis de butirato fecal e aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias IL10 e quimiocina CXCL-10, destacam a importância dessas vias metabólicas na patogênese da COVID-19 e estão intimamente relacionadas a gravidade da doença. O estudo das perturbações nas funções microbianas intestinais abre caminho para entender o papel do microbioma intestinal na progressão da COVID-19.
Palavras-chave: COVID-19, Microbiota intestinal, MetaCyc, Sars-CoV-2, Microbiota funcional |