Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1002-1 | ||||
Resumo:O Laboratório de Referência Nacional para Enteroinfecções Bacterianas (LRNEB/IOC/FIOCRUZ) vem desempenhando um papel fundamental na abordagem do problema das Enteroinfecções no País, através de estudos de microrganismos de importância na patologia humana, saúde animal e ambiente, com relevância em Saúde Pública. Dentro das principais atividades, realiza o monitoramento de Salmonella spp. envolvidas em surtos alimentares, assim como análises dos veículos comumente responsáveis pela propagação desses microrganismos no ambiente e sua repercussão para o homem. No período de 2018 a 2022, o LRNEB/LABENT recebeu para diagnóstico conclusivo, um total de 14.083 cepas de Salmonella (2018/N=3502; 2019/N=3480); 2020/N=3201; 2021/N=3240 e 2022/N=6600, isoladas de diferentes fontes (Humana/HU, Animal/AN, Alimentar/AL, Ambiental/AB e Matéria-Prima/MP) por Instituições Públicas e Privadas. As cepas encaminhadas foram reisoladas e confirmadas quanto ao seu perfil bioquímico (Meio de SIM, para avaliação da mobilidade, produção de indol e de gás sulfídrico, descarboxilação da L-Lisina e utilização do citrato como fonte única de carbono) e submetidas a caracterização antigênica através do método de soroaglutinação em lâmina utilizando antissoros somáticos e flagelares específicos, pelo esquema sorológico proposto por Kauffmann-White e Le Minor e de acordo com os critérios de GRIMONT & WEILL, (2007). No Brasil, o monitoramento realizado pelo LRNEB aponta 50 a 60 sorovares circulantes em nosso meio, alguns se mantém em estágio contínuo, outros se caracterizam por serem emergentes ou re-emergentes onde a casuística pode variar em função da fonte de isolamento e região de origem. Neste contexto, a S. Typhimurium é marcada por um histórico epidemiológico que a mantém ao longo de décadas. Neste estudo, sua prevalência foi evidenciada em 35% das cepas HU em todos os anos de análise, 16% em AL e AN em 2018/2019; e 60% em AB em 2020. S. Heidelberg também é um sorovar caracterizado entre os 10 prevalentes neste período, cujo percentual foi mais significativo entre as cepas AN e AL em 2018/2019 (variação entre 8 a 25%), em AL 2020/2022 (18%), reforçando seu papel como agente potencial em surtos alimentares associados à ingestão de alimentos de origem animal. Cabe ressaltar a emergência de S. Minnessota, que alcançou papel de destaque nos anos 2019/2020/2021 como primeiro no ranking geral, apontando percentuais variáveis entre 15 a 35% durante o período, especialmente nas fontes AL e AN. Contudo, outros sorovares reconhecidos pela sua relevância em Saúde Púbica, se fazem presentes como S. Mbandaka, que foi frequentemente isolado a partir de MP utilizadas na formulação de alimentação animal, com índices de 12 a 20% durante os anos avaliados; e aqueles caracterizados como S. Cerro, S. Rissen, S. Gafsa, S. Anatum, S. Newport, S. Saintpaul, S. Senftenberg, S.. Schwarzengrund e S. Braenderup, circulantes na cadeia de produção animal, se apresentaram abaixo de 30%, no entanto representam risco eminente para o homem. Estudos desta natureza são essenciais para avaliar a dinâmica de circulação deste microrganismo em nosso meio, contribuindo de forma efetiva para a compreensão quanto aos fatores envolvidos na implantação e disseminação de Salmonella sp. em diferentes nichos ecológicos, fornecendo subsídios para a adoção de medidas de intervenção e controle. Palavras-chave: Salmonella spp., Sorovares, Cadeia Alimentar, Saúde Pública |