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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 972-1

972-1

ESTRUTURA DA COMUNIDADE BACTERIANA E PRESENÇA DE BACTÉRIAS BIOMARCADORAS NA MICROBIOTA VAGINAL DE MULHERES PORTADORAS OU NÃO DO PAPILOMAVIRUS HUMANO

Autores:
Michelle da Silva Pereira (UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) ; Aripuanã Sakurada Aranha Watanabe (UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) ; Cláudio Galuppo Diniz (UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) ; Vânia Lúcia da Silva (UFJF - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA)

Resumo:
A microbiota vaginal é um ecossistema formado, principalmente, por bactérias aeróbias e anaeróbias, que vivem em equilíbrio dinâmico. Fatores como imunidade e variações hormonais podem influenciar nesse equilíbrio, propiciando a proliferação de patógenos oportunistas, por vezes não dominantes. A vaginose bacteriana (VB) é uma doença de etiologia polimicrobiana, podendo ocorrer em associação com outros microrganismos, tais como o Papilomavirus Humano (HPV). O HPV é mais prevalente na população feminina sexualmente ativa, sendo fator de risco para o desenvolvimento de câncer do colo do útero. É aceito que microbiota vaginal das mulheres possa ser dividida em 5 comunidades bacterianas (Community-state types- CST), conforme predominância de algumas espécies. Algumas bactérias presentes nessas comunidades podem atuar como biomarcadores da persistência da infecção e progressão da lesão para o câncer do colo do útero. O estudo dessas bactérias é fundamental para avaliar o prognóstico de mulheres HPV positivas e reduzir a taxa de mortalidade. O objetivo do trabalho foi avaliar a presença de bactérias biomarcadoras da persistência da infecção por HPV em mulheres clinicamente saudáveis portadoras ou não de HPV. Secreção vaginal e raspado cervical foram coletados (n= 66) e DNA viral e bacteriano foi extraído. Reação de qPCR para genotipagem do HPV foi realizado, assim como qPCR para as bactérias biomarcadoras, a fim de avaliar aspectos das comunidades bacterianas. A média de idade das participantes foi de 35 anos, sendo a idade mínima de 18 anos e a máxima de 49 anos. Observou-se que 45% das mulheres eram brancas, 48% possuíam ensino médio completo e 47% classificaram seu estado civil como solteiras. HPV foi detectado em 79% das amostras. O HPV 18 foi o mais frequente (92%), seguido do HPV 16 (40%). A frequência de coinfecção por HPV 16 e 18 foi de 29%. Na faixa etária de 18 a 25 anos, 6% das mulheres apresentaram HPV 16 e 10% o HPV 18, e ainda, 24% apresentaram coinfecção por HPV 16 e 18. Foram avaliadas a presença e quantificação relativa das seguintes bactérias: Gardnerela vaginalis, Lactobacillus crispatus, L. iners, L. gasseri, L. jenseni, Atopobium, Prevotela, Peptostreptococos e Sneathia sanguinegens. As bactérias presentes nas amostras estão distribuídas nas seguintes CSTs: 77% estão na CST I, 21% na CST IV e 2% na CST II. A redução de Lactobacillus e o aumento de bactérias como Gardnerella e Prevotela mostrou-se um importante fator na persistência da infecção e consequente progressão das lesões, demonstrando que a composição da microbiota vaginal pode ser um fator preditivo de câncer do colo do útero, sendo que a caracterização das comunidades pela detecção de bactérias biomarcadoras poderia exercer um papel importante como estratégia de prognóstico da doença.

Palavras-chave:
 câncer do colo do útero, diversidade bacteriana, HPV, microbiota vaginal


Agência de fomento:
FAPEMIG, CNPQ, CAPES