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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 969-1

969-1

A experiência histórico-crítica no ensino-aprendizagem da microbiologia

Autores:
Francisca Elane Costa E Silva (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Inambê Sales Fontenele (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Edmo Montes Rodrigues (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Ana Natália Duarte Lima (UFC - Universidade Federal do Ceará )

Resumo:
Diante das incontáveis possibilidades metodológicas presentes nos processos de ensino-aprendizagem para a microbiologia, definimos, como objeto deste trabalho explicitar a relevância das metodologias contextualizadas nas teorias educacionais. Neste sentido, objetiva-se partilhar a análise teórica realizada na prática do ensino de microbiologia desenvolvida no curso de Gestão Ambiental do IFCE, campus Camocim/CE. Uma aula de campo da disciplina de Ecologia de Micro-organismos foi realizada no manguezal, onde os discentes puderam apreender novos conceitos e entender, especificamente na microbiologia, como se dá a relação entre fatores bióticos e abióticos. Foi realizada uma breve trilha por entre a vegetação de mangue e, em dado momento viabilizamos um diálogo sobre as características locais, como baixa oxigenação, odor exalado, alta salinidade, estoque de carbono no solo, dentre outras, de forma a demonstrar quais as formas de metabolismo microbiano ocorrem no local devido às características abióticas ali presentes. Dúvidas foram levantadas de forma a aumentar o engajamento dos participantes. Ao final, os discentes puderam perceber como se dá a transição entre o manguezal e o ecossistema de apicum e suas características. Após a aula foi disponibilizado um questionário com os estudantes, onde obtivemos 20 adesões voluntárias. Dentre as perguntas, uma desejava saber se houve motivação e engajamento na experiência do mangue e, 100% dos participantes mencionaram que se sentiram motivados e engajados. Compreendemos, de acordo com Bondía (2002), a experiência como algo que nos toca, nos acontece e neste sentido, significamos que de alguma forma foram tocados nesta aula. Segundo Bondía (2002) o saber da experiência é subjetivo, particular, relativo, porque se a experiência é algo que nos acontece, nunca ocorre da mesma forma para todos envolvidos na mesma experiência. Corroborando com essa afirmação, quando questionados sobre quais os aprendizados da microbiologia foram adquiridos nas aulas, dos 20 participantes, 16 responderam de forma mais específica sobre a relação do manguezal e os micro-organismos, e 1 respondeu sobre legislação ambiental e climatologia. O conteúdo que foi brevemente citado na aula, afetou mais este estudante, comprovando que o saber da experiência não pode separar-se do indivíduo concreto. Isso nos faz identificar que esta metodologia foi fundamentada na pedagogia progressista histórico-crítica (LIBÂNEO 2020), por ter como proposição viabilizar a assimilação dos conteúdos num processo de inserção e reflexão crítica dos contextos socioculturais. Tudo isso ao abordar a microbiologia dialogando aos aspectos legais, ambientais, econômicos, sociais e os impactos do turismo local. Proposta que valida todos os envolvidos a partir das suas singularidades reflexivas, reconhecida inclusive quando questionados onde esta experiência estabelecia relação com as suas vidas. Percepção que proporciona afirmar terem vivenciado saberes da experiência que os afetaram e afetados assumem posturas para gerar transformações sociais. Conclusão que nos retoma a relevância de identificarmos as teorias educacionais como guias dos processos educacionais: planejar, executar e refletir o vivido, para atingirmos práxis docente, necessárias para também refletirmos se estamos contribuindo com a desejada educação cidadã.

Palavras-chave:
 Saberes da experiência, educação cidadã, práxis


Agência de fomento:
IFCE; FUNCAP