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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 952-2

952-2

OBTENÇÃO DE PRODUTOS DE ALTO VALOR AGREGADO A PARTIR DA FERMENTAÇÃO DE RESÍDUOS DE CAMARÃO

Autores:
Maria Cristiane Rabelo (UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Levi Ribeiro Silva (UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Bella Giselly Torres Alves (UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Denise Cavalcante Hissa (UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Vânia Maria Maciel Melo (UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)

Resumo:
A carcinicultura é uma atividade econômica importante para o Brasil, particularmente para a região Nordeste, com os estados do Ceará e Rio Grande do Norte respondendo por mais de 90% da produção. Em 2021, foram produzidas 78,6 mil toneladas de camarão criado em cativeiro. Dessa produção, foram geradas aproximadamente 40 mil toneladas de resíduos (50% do peso do camarão), que são ricos em produtos de alto valor comercial como proteínas, pigmentos carotenoides (astaxantina) e quitina. Dentre eles, a quitina, desperta interesse por ser precursora da quitosana, um polímero de alto valor agregado. Atualmente, a quitosana é obtida pela desacetilação química da quitina, utilizando ácido clorídrico e soda cáustica, o que gera efluentes poluentes, compromete a recuperação de proteínas e pigmentos, além de ter baixo rendimento. Uma alternativa promissora é o processamento biológico dos resíduos por fermentação lática, seguido da desacetilação da quitina com fungos produtores da enzima quitina desacetilase (CDA). Outro produto promissor é a astaxantina, que é usada como corante nas indústrias farmacêutica e cosmética e como suplemento alimentar. Além disso, possui alto valor antioxidante contra raios UV, bem como atividades anti-inflamatória e antidiabética. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo o aproveitamento de resíduos do camarão por via biológica para a recuperação de quitina, extração de astaxantina e seleção de fungos produtores da enzima quitina desacetilase. Os resíduos de camarão foram submetidos a fermentação em reator utilizando um consórcio de bactérias láticas por um período de 48h. Ao final, o conteúdo do reator foi filtrado para separação da fração líquida (líquor), rica em astaxantina, da fração sólida, quitina. A astaxantina foi extraída do líquor utilizando hexano, etanol e acetona e quantificada por cromatografia líquida de alta eficiência. A triagem de fungos produtores da enzima quitina desacetilase foi realizada em meio seletivo contendo quitina e o indicador p-nitroacetanilida. O processo fermentativo utilizando o consórcio de bactérias especializadas foi altamente eficiente na conversão de resíduos camarão, com alta recuperação de liquor, rico em proteínas e pigmentos (87 %) e quitina (13 %). O maior rendimento de astaxantina foi obtido na extração com acetona (25 µg/mL). Dentre 11 cepas de fungos testadas para desacetilação da quitina, seis cepas de Aspergillus sp. apresentaram atividade da enzima quitina desacetilase. Os resultados obtidos em escala de bancada são promissores e servirão para dar suporte ao escalonamento do bioprocesso. Os produtos derivados do processamento biológico de resíduos de camarão tem grande potencial de incrementar a economia circular no Nordeste, através de uma tecnologia ambientalmente segura e sustentável.

Palavras-chave:
 astaxantina, camarão, fungo, quitina desacetilase, quitosana


Agência de fomento:
CNPq