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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 949-2

949-2

RELATO DE CASO DE ARTRITE SÉPTICA CAUSADO POR VARIANTE DE COLÔNIA PEQUENA DE Staphylococcus aureus (SCVs) E A IMPORTÂNCIA DE SUA IDENTIFICAÇÃO NOS LABORATÓRIOS DE MICROBIOLOGIA.

Autores:
Ana Tomaz (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR, IPPPP - Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Principe) ; José Neto (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Adriane Maestri (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Laura Cogo (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Dilair Souza (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR) ; Keite Nogueira (CHC - Complexo Hospital de Clínicas da UFPR)

Resumo:
Variantes de pequenas colônias de Staphylococcus aureus (SCVs) são cepas desse microrganismo que sofrem alterações genéticas e fenotípicas que permitem a infecção intracelular e persistente por esses patógenos. Têm sido associadas a infecções recorrentes em ossos, válvulas cardíacas, pulmões e tecidos moles. Infecções por SCVs de S. aureus é um problema emergente devido à dificuldade diagnóstica, pois essas cepas apresentam maior tempo de crescimento, características fenotípicas diferenciadas e auxotrofismo. A terapia, da mesma forma, costuma ser dificultada pela localização intracelular do patógeno. O reconhecimento e relato dessas variantes pelo microbiologista é essencial para o correto diagnóstico e tratamento do paciente. Relatamos aqui, um caso de artrite séptica articular por SCVs de S. aureus. O paciente do gênero masculino, de 68 anos, com diabetes tipo 2 e em uso de imunossupressores, foi internado para drenagem de conteúdo em joelho esquerdo visando descompressão do membro. Após punção, foram drenados 20 mL de líquido sinovial de aspecto amarelo turvo e com viscosidade reduzida, realizado citologia total e diferencial, bacterioscopia e cultura para germes comuns. O líquido foi semeado em placas de ágar sangue (AS), Ágar chocolate (ACH) e ágar MacConkey (MC) e incubadas aerobiamente a 37°C por 48 horas. Também foi realizada a bacterioscopia usando coloração de gram, na qual foram visualizados cocos gram positivos (CGP) organizados em pequenos aglomerados. Após 24 horas de incubação, pequenas colônias não hemolíticas, não pigmentadas, de 0,1 mm de diâmetro cresceram em abundância na placa AS. A placa MC e a placa de ACH não apresentaram crescimento, o que chamou a atenção do microbiologista. O isolado bacteriano foi identificado como S. aureus usando MALDI-TOF. Foi realizado o teste de auxotrofismo que foi positivo para timidina, identificando o isolado como SCVs dependente de timidina. No teste de suscetibilidade aos antibióticos em ágar Mueller Hinton (MH) suplementando com timidina (TM) o isolado foi suscetível à cefazolina, clindamicina, gentamicina, oxacilina, vancomicina e sensível aumentando o tempo de exposição a ciprofloxacino. Foi também avaliado que o microrganismo apresentou crescimento em AS, porém não em ACH, pois a base do AS utilizado era Base Columbia, enquanto a base do ACH era ágar tripticase de soja (TSA), que possui menor concentração de timidina. A artrite séptica articular na maioria dos casos, se desenvolve a partir da disseminação hematogênica e está frequentemente associada a causas graves de morbidade. Comorbidades associadas a imunossupressão, infecção por S. aureus e alta celularidade na membrana e no líquido sinovial estão associados a um pior prognóstico, sendo necessário em alguns casos novas intervenções cirúrgicas para controle do processo infeccioso. Para o manejo eficaz de infecções suspeitas ou confirmadas por SCVs de S. aureus, os requisitos específicos de coleta de amostras e meios utilizados devem ser capazes de detectar esse patógeno. O microbiologista por sua vez deve ter habilidade de identificar e relatar que se trata dessa variante fenotípica, pois na terapia deve ser levada em consideração a persistência e localização intracelular do patógeno.

Palavras-chave:
 S. aureus, SCVs, Small colony variants