Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 896-1 | ||||
Resumo:Os aminoglicosídeos constituem um grupo de antimicrobianos que possuem predileção pelas bactérias Gram negativas já que alguns gêneros de Gram positivas dispõem de uma resistência intrínseca a esses medicamentos, como Enterococcus e Streptococcus, além de atuarem exclusivamente sobre microrganismos aeróbicos. Essa classe de medicamento tem como mecanismo de ação a inibição da síntese proteica, agindo de forma irreversível sobre a subunidade 30S do ribossomo. O uso de antimicrobianos na clínica de cães e gatos está aumentando cada vez mais e com isso a frequência do isolamento de microrganismos multirresistentes também vem crescendo. Em vista dos fatos mencionados, o presente estudo teve como objetivo analisar o perfil de sensibilidade aos aminoglicosídeos sobre isolados bacterianos provenientes de cães e gatos entre 2015 e 2019. Foram avaliados 698 laudos de cultura e antibiograma que obtiveram crescimento bacteriano em diferentes amostras de cães e gatos no período entre 2015 a 2019 no Centro de Diagnóstico Microbiológico Animal (CEDIMA) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Os antimicrobianos avaliados foram: gentamicina, neomicina, estreptomicina, tobramicina e amicacina. As amostras foram provenientes de diferentes afecções de cães e gatos, sendo urina, swab otológico e swab de ferimentos e abscessos a maioria das amostras. Entre os aminoglicosídeos testados, observou-se uma maior resistência quando utilizado a estreptomicina com 24,1% (40/166), seguida da neomicina 17,3% (65/375), gentamicina 15,6% (101/648), tobramicina 13,3% (60/452) e amicacina com 6,4% (22/344). Dentre as bactérias, Escherichia coli foi a mais resistente aos aminoglicosídeos, sendo que 23,8% (30/126) apresentaram resistência a pelo menos um dos aminoglicosídeos testados, seguido dos Staphylococcus com 20% (63/315). Foi possível também observar uma maior resistência a gentamicina por ambas as bactérias no período analisado, onde E. coli apresentou 39% (19/48) e Staphylococcus sp. 36,6% (37/101). Em virtude da gentamicina e da neomicina serem os aminoglicosídeos administrados com maior frequência na rotina clínica de cães e gatos, esses dois antimicrobianos apresentaram maiores índices de resistência juntamente com a estreptomicina que apesar da redução considerável de seu uso, ainda vem exibindo grande resistência. Além disso, os dados expuseram que houve aumento considerável da resistência frente a E. coli no decorrer dos anos, sendo 35% (10/28) em 2015 e 83,3% (15/18) em 2018. Já os Staphylococcus sp. apresentaram um crescente aumento na sua resistência quando comparado o ano de 2015 com os anos de 2016, 2018 e 2019, destacando-se o aumento de 25% (20/78) em 2015 para 52% (10/19) no ano de 2019. Sabendo que os antimicrobianos são comumente administrados na rotina de hospitais e clínicas, o uso indiscriminado desses medicamentos torna-se um dos fatores que corroboram com o aumento da resistência bacteriana, diminuindo, por conseguinte a eficácia da antibioticoterapia ou até mesmo impossibilitando a cura de diversas infecções ocasionando a morte do paciente. Diante disso, foi evidenciado pelo presente estudo o aumento da resistência bacteriana aos aminoglicosídeos validando a necessidade da conscientização e do uso correto desses medicamentos, visto que o uso inadequado pode levar a um problema grave de saúde pública a médio e longo prazo. Palavras-chave: Gentamicina, Neomicina, Antimicrobianos, Multirresistência Agência de fomento:Universidade do Estado de Santa Catarina |