Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 888-1 | ||||
Resumo:Os bovinos são frequentemente acometidos por infecções causadas por diversos
patógenos, a mastite por exemplo é uma doença bastante prevalente na bovinocultura, sendo caracterizada pelo processo inflamatório da glândula mamária, causada principalmente por bactérias. Uma forma de tratamento para essas afecções é através do uso de antimicrobianos, sendo que na medicina veterinária os aminoglicosídeos, utilizados em casos de infecções causadas por bactérias aeróbicas, são constantemente indicados. Com o objetivo de verificar o perfil de sensibilidade aos aminoglicosídeos, foram avaliadas amostras de leite recebidas no Centro de Diagnóstico Microbiológico Animal (CEDIMA) da Universidade do Estado de Santa Catarina - CAV/UDESC, entre 2015 e 2019. Durante este período, foram avaliadas 424 amostras as quais foram testadas ao menos um antimicrobiano da classe dos aminoglicosídeos sendo eles: gentamicina, neomicina, estreptomicina, tobramicina e amicacina. Dessas amostras, a gentamicina, estreptomicina e amicacina foram os mais testados (421, 412 e 412 respectivamente), uma vez que esses antimicrobianos, dentre os aminoglicosídeos, são os mais utilizados em casos de mastite. Já a tobramicina e a neomicina foram testadas em apenas 22 e 7 amostras respectivamente, pois não são antimicrobianos de primeira escolha para esse tipo de infecção. Dentre os aminoglicosídeos, a estreptomicina foi que apresentou o maior índice de resistência, com 14,32% (59/412), seguida da tobramicina 14,28% (1/7), gentamicina 11,40% (48/421), amicacina 10,43% (43/412) e neomicina 4,54% (1/22). Quando avaliado os antimicrobianos frente a grupos específicos de microrganismos, a estreptomicina e a gentamicina apresentaram maior resistência as bactérias Gram-positivas, ambas com 10,19% (37/363), enquanto a estreptomicina apresentou maior resistência em bactérias Gram negativas 40% (22/55). É importante ressaltar, que devido a resistência intrínseca, as amostras que foram isolados Streptococcus e Enterococcus não foram analisadas. Também foi possível observar que nos anos de 2015 e 2016 Staphylococcus aureus foi a bactéria com maior resistência a gentamicina, com 23,86% (21/88), estreptomicina 23,86% (21/88) e amicacina 21,59% (19/88). E ao compararmos o aumento do perfil de sensibilidade dos cinco antimicrobianos utilizados no decorrer dos anos, verificou-se que: a estreptomicina e a gentamicina apresentaram 18% (9/50) de resistência em 2015 com aumento para 29,26% (12/41) em 2016, sendo que em 2017 houve uma queda para 7,81% (5/64) e 4,68% (3/64) respectivamente. Já em 2018 e 2019 todas as amostras foram sensíveis aos aminoglicosídeos, o que pode ser explicado pelo aumento do uso de outras classes de antimicrobianos, como as fluoroquinolonas e beta-lactâmicos, em vacas com mastite. Diante disso, conclui-se que a resistência antimicrobiana é um fator que está muito presente na rotina veterinária, sendo ocasionada pela prescrição desenfreada, muitas vezes compulsiva, desses fármacos, e por isso, a realização de testes de sensibilidade são considerados uma boa ferramenta para a escolha correta do tratamento. A rotatividade na escolha de um antimicrobiano pode ser eficaz para desacelerar a disseminação de bactérias multirresistentes e diminuir o impacto na saúde única, visto que o ambiente e as pessoas que manejam esses animais estão suscetíveis as infecções por esses microrganismos. Palavras-chave: GENTAMICINA, MASTITE, RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA, SAÚDE ÚNICA |