Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 886-2 | ||||
Resumo:O diagnóstico microbiológico na medicina veterinária é de extrema importância para tratamento dos animais, uma vez que o antibiograma geralmente está associado com o isolamento bacteriano. Além disso, um levantamento epidemiológico local pode auxiliar na elaboração de um protocolo de antibioticoterapia empírica. O presente estudo teve como objetivo a caracterização dos principais microrganismos isolados de cães e gatos no Centro de Diagnóstico Microbiológico Animal (CEDIMA) CAV-UDESC durante o período de 2015 a 2019. Nesse período foram analisadas um total de 1249 amostras, sendo 42,9% (n=536) proveniente do trato urinário, onde 48,6% (n=261) apresentaram crescimento bacteriano, fato explicado devido a maioria das ITU terem origem não infeciosa, principalmente em machos e em felinos. Das 261 amostras, 43,3% foram identificadas como Gram positivas, sendo os Staphylococcus (81/113) o gênero mais frequente, já 56,7% foram Gram negativas, sendo a E. coli (37/148) e o Proteus (15/148), os mais isolados. Os dados analisados indicam que no período de 5 anos, os Staphylococcus foram mais frequentes que a E. coli, embora a prevalência de Gram negativas seja maior, evidenciando a importância de estudos locais para orientar efetivamente a escolha do antimicrobiano. As amostras de swabs otológicos corresponderam a 19,2% (n= 240) do total, sendo 56,4% de Staphylococcus, 8,7% de Proteus, 8,7% Pseudomonas aeruginosa e outras bactérias em menor frequência. A presença de P. aeruginosa entre as três principais bactérias causadoras de otite em cães e gatos evidenciam a importância da escolha dos antimicrobianos quando utilizado o tratamento empírico devido a resistência intrínseca das P. aeruginosa a várias classes de antimicrobianos. Das 1249 amostras 7,2% (n= 90) foram do trato respiratório inferior, destacando principalmente o Acinetobacter, presente em 27,9%, que embora ainda seja consideradoum microrganismo emergente na veterinária, vem ganhando grande destaque nos últimos anos. Em relação às amostras de pele, abcessos cutâneos e feridas, constatou-se que, das 161 amostras que apresentaram crescimento bacteriano, 46,5% (n=75) foram identificadas como Staphylococcus, 8% (n=13) E. coli, 6,8% (n=11) Acinetobacter e 6,2% (n=10) Streptococcus, entre outros microrganismos. O número de isolados Gram negativos identificados nesse tipo de amostra foi relevante, o que vale ressaltar novamente a importância da antibioticoterapia empírica, uma vez que nesse tipo de infecção ela seja direcionada para bactérias Gram positivas. Nas amostras de feridas cirúrgicas analisadas, foram isoladas 18,3% (cada) de Serratia, E. coli e Pseudomonas, e 9% (cada) de Acinetobacter, Citrobacter, Enterobacter, Staphylococcus e Enterococcus. A identificação de microrganismos em feridas cirúrgicas pode sugerir a presença de infecções hospitalares sendo cada vez mais frequente nos últimos anos. Além das amostras já citadas, também foram recebidas no CEDIMA amostras do TGI 5,5%, sistema cardiovascular (2,3%), sistema esquelético (2%), entre outras amostras (genitais, tumores, cistos, swab oculares, sistema nervoso) que corresponderam a 2,5% de todas as amostras recebidas. Dado o exposto, torna-se crucial levar em consideração a diversidade bacteriana e a realização do diagnóstico microbiológico adequado para garantir o uso adequado e consciente dos antimicrobianos nas mais diversificadas infecções.
Palavras-chave: Diagnóstico microbiológico, E. coli, Infecções bacteriana, ITU, Staphylococcus |