| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 850-1 | ||||
Resumo:Os recifes de coral são essenciais para os ecossistemas marinhos, servindo de suporte ecossistêmico, uma vez que proporcionam ambientes ideais para proteção, abrigo, obtenção de alimento e reprodução, contribuindo para a manutenção da biodiversidade como um todo. No Brasil, os ambientes coralíneos apresentam características únicas, o que revela uma alta taxa de endemismo, mesmo com baixa diversidade de espécies. No entanto, esses locais estão sendo cada vez mais afetados por atividades humanas, tais como transporte e exploração de petróleo, que se tornou uma das atividades de maiores ameaças a estes habitats. Grande parte das principais rotas marítimas ligadas a esta atividade estão localizadas próximas a áreas recifais, trazendo elevado risco de derramamento e consequente morte dos corais. Os efeitos da presença de óleo em corais podem trazer danos ao tecido, alterações bioquímicas, interferência nas relações simbióticas com outros organismos e alteração na microbiota dos corais. A limpeza de áreas afetadas por derramamentos de óleo em ambiente marinho são geralmente realizadas através de bóias de contenção e dispersantes químicos, no entanto, o uso do dispersante muitas vezes acaba sendo mais prejudicial à saúde do coral do que o próprio óleo. De forma alternativa, a biorremediação apresenta vantagens por ser um método que utiliza organismos vivos e do próprio ambiente, como bactérias, para degradar ou remover poluentes presentes no meio. Contudo, o estresse causado pela presença do óleo pode levar a uma superprodução de espécies reativas de oxigênio (EROS), causando dano na membrana celular, oxidação proteica e degeneração do DNA, levando ao branqueamento do coral. Porém, algumas bactérias anaeróbias podem regular a quantidade de EROS no ambiente, impedindo o desequilíbrio do holobionte (disbiose). Nesse sentido, o presente trabalho visa a identificação de bactérias anaeróbias degradadoras de hidrocarbonetos presentes em algumas espécies de corais brasileiros, bem como a análise de suas características potencialmente probióticas. Para isso, foram coletados corais das espécies Siderastrea stellata, Mussismilia braziliensis, Mussismilia harttii e Millepora alcicornis e mantidos em jarras de anaerobiose. Foram obtidos 36 isolados bacterianos após cultivo por 7 dias a 25ºC no meio Ágar BH (Bushnell-Haas Broth) e o FAA (Ágar Anaeróbio Fastidioso) contendo óleo como única fonte de carbono. Para selecionar os potenciais degradadores de hidrocarbonetos, foi realizado o Teste da Gota e em seguida o Teste de Concentração de Hidrocarboneto através de cromatografia (CG-MS). A ação probiótica destes isolados foi observada através de testes para atividade da catalase, urease, antagonismo ao Vibrio corallilyticus, e presença de genes DMSP e nifH. Também foi realizado extração e sequenciamento do DNA (16S rRNA) de todos os isolados. Os resultados obtidos mostraram que o principal filo encontrado foi o Bacillota, seguido por Actinomycetota, Firmicutes, Proteobacteria, Actinobacteria e Pseudomonadota e foi visto que isolados bacterianos apresentaram uma alta taxa de eficiência na degradação do óleo. Portanto, os grupos bacterianos anaeróbios obtidos são tidos como alvos promissores para utilização na técnica de biorremediação de petróleo. Palavras-chave: biorremediação, anaeróbios, HPA, TPH, recifes de coral | |||||