Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 841-2 | ||||
Resumo:O uso de antimicrobianos está sendo comum na prática alternativa terapêutica e profilática em diversas infecções. O mercado farmacêutico vem ampliando seus investimentos na elaboração de novas drogas, visando fornecer amplitude de escolha tanto para medicina humana, quanto veterinária. Com isso, se empregadas sem critérios, tanto hospitalar como comunitário, nos sistemas de criação animal e área agrícola, promovem uma pressão seletiva levando os microrganismos a desenvolverem mecanismos de resistência que garantam sua sobrevivência e permanência neste meio. No monitoramento e avaliação do perfil de suscetibilidade em enteropatógenos comunitários do LRNEB, a totalidade de Salmonella spp. de fonte humana e/ou envolvidas em surtos alimentares e tomada amostragem aleatória de ≈30% das provenientes de fontes animal, ambiental e matéria-prima/rações. Essas são submetidas a uma avaliação por ferramentas laboratoriais, incluindo método de difusão de disco em ágar, frente a um painel de drogas de relevância humana, veterinária, e preconizados pela Organização Mundial de Saúde. São avaliados os fármacos das classes de beta-lactâmicos; fenicóis; tetraciclinas; quinolonas; aminoglicosídeos; antifolatos e nitrofuranos. No presente trabalho avaliamos a resistência aos antimicrobianos, nos três últimos anos. Neste, um total de 3207 representativas de todos os sorovares identificados e de diferentes fontes de isolamento foram avaliadas quanto suscetibilidade antimicrobiana (2020= 1643 /2021=1030 / 2022= 534). Os resultados apontaram que em 2020, 57% resistentes a uma ou mais drogas, 33% intermediário e 10% sensíveis. Em 2021, a resistência foi 51%; 37% intermediárias e 12% sensíveis. Em 2022, 66% resistentes, 32% intermediário e 3% sensíveis. Os índices de resistência foram maiores nas de origem alimentar (88%) e para outras fontes, entre 4º a 60%. Nas de origem humana, 58% foram resistentes, com riscos de falhas terapêuticas na salmonelose invasiva. No cômputo geral, perfis MDR (≥2 classes) foram detectados em 1175 cepas (739-2020, 436-2021 e 243-2022), perfazendo um total equivalente de 70 a 80% das cepas analisadas. Particularmente, nas drogas de última geração, devemos considerar os resultados obtidos para cefalosporinas 3ª e 4ª G e Carbapenêmicos. Sob esse prisma, os percentuais encontrados para CAZ foram equivalentes a 33%, especialmente em cepas de origem alimentar. Índices equivalentes a 17% foram detectadas entre os isolados humanos, apontando um aumento expressivo de resistência para esta droga, quando comparado as avaliações realizadas nos anos anteriores cujo percentual até então discreto, se mantinha abaixo de 1%. Os resultados encontrados para CAZ em 2022 pode ser o reflexo da sua ampla utilização como fins terapêuticos, o que representa a necessidade de monitoramento contínuo, pois podem limitar as opções de drogas utilizadas no tratamento de quadros clínicos graves. O monitoramento de resistência antimicrobiana realizado pelo LRNEB nas últimas décadas aponta que a circulação de cepas MDR tem sido o modo evolutivo de Salmonella spp. se adaptar em nosso meio, e fornecer dados concisos aos órgãos fiscalizadores para a implementação de programas de controle. Estudos reconhecem a necessidade de encontrar alternativas eficazes para controlar doenças infecciosas e limitar a disseminação de bactérias resistentes, mantendo os antibióticos como importante ferramenta para o futuro. Palavras-chave: Salmonella spp., Resistencia Bacteriana, MDR, Drogas de última geração Agência de fomento:Fundação Oswaldo Cruz |