Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 833-1 | ||||
Resumo:As bactérias do gênero Aeromonas têm uma ampla distribuição geográfica e podem ser especialmente encontradas em ambientes aquáticos e em animais desse habitat, como o mar, rios, esgoto e água potável. Além da água, Aeromonas estão amplamente disseminadas nas mais variadas fontes, como o solo, os vegetais e os alimentos. Esses microrganismos são capazes de produzir uma variedade de fatores de virulência que aumentam a sua capacidade patogênica e possuem ampla capacidade de disseminação de resistência antimicrobiana (RAM) a drogas de última geração e de importância terapêutica no meio ambiente. A presença Aeromonas spp. em animais de hábitos migratórios representa um potencial risco à saúde pública e sanidade animal, devido a seu potencial enteropatogênico e zoonótico. A partir do banco de dados do Laboratório de Enterobactérias (LABENT/IOC), foram selecionadas 103 amostras de Aeromonas isoladas de fontes animais e ambientais na costa brasileira entre 2019 e 2022. As amostras incluíram água de sedimento (23), aves (23), elasmobrânquios (21), mamíferos marinhos (15), moluscos bivalves (13) e quelônios (8). A caracterização das espécies de Aeromonas foi realizada por meio de confirmação bioquímica, caracterização dos genes de virulência por reação em cadeia da polimerase (PCR) e avaliação do perfil de resistência à colistina e levofloxacina por meio do teste da Concentração Mínima Inibitória (MIC). Das 103 amostras, foram obtidos 98 isolados característicos de Aeromonas spp., incluindo as espécies A. caviae (24), A. veronii (24), A. hydrophila (14), A. allosacharophila (8), A. dhakensis (8), A. poppofii (5), A. jandaei (4), A. sobria (4), A. media (2), A. schubertii (2), A. encheleia (1), A. trota (1), A. bivalvium (1) e 5 isolados de Plesiomonas shigelloides. É importante ressaltar que, apesar das amostras terem origem animal e ambiental, foram identificadas espécies de Aeromonas capazes de causar doenças em humanos em 57 (58,2%) amostras, evidenciando seu potencial zoonótico. Quanto à virulência, entre os isolados de Aeromonas spp., todas as amostras (100%) foram positivas para pelo menos um gene de virulência, sendo 100% positivas para o gene gcat, 52% para o gene dnase, 48% para o gene lip, 45,9% para o gene aerA, 29,6% para o gene hlyA, 26,5% positivas para o gene act, 26,5% para o gene alt e 23,5% para o gene ser. Destaca-se que 9 cepas (7 de aves marinhas e 2 de elasmobrânquios), foram positivas para todos os genes de virulência testados. Em relação à colistina, 77 amostras (78,6%) apresentaram resistência, provenientes de água de sedimento (19), aves marinhas (18), elasmobrânquios (16), mamíferos marinhos (11), bivalves (9) e quelônios (4); 21 (21,4%) isolados apresentaram resistência intermediária. No caso da levofloxacina, observou-se um perfil de resistência em 13 (13,3%) cepas, sendo 6 de fonte ambiental em 2022; o perfil de resistência intermediário foi identificado em 4 (4,1%) cepas de aves marinhas e 81 (82,6%) das cepas foram sensíveis. Foram identificados 11 isolados que apresentaram RAM para ambas as drogas, sendo as fontes: água de sedimento (5), elasmobrânquios (3), aves marinhas (2) e quelônios (1). Nossos resultados apontam a capacidade de ambiente aquático e dos animais de hábitos marinhos atuarem como reservatórios de Aeromonas spp. virulentas e resistentes aos antimicrobianos e destacam a importância da pesquisa e monitoramento destes microrganismos circulantes na costa brasileira. Palavras-chave: Aeromonas spp., Enteropatógenos bacterianos, Resistência antimicrobiana, Virulência bacteriana Agência de fomento:Fundação para Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (FIOTEC). |